“Encare a realidade como ela é, não como ela foi ou como você gostaria que fosse.” - Jack Welch, ex-CEO da General Electric
Escrevi este texto em 2012, enquanto cursava o 6º ano de medicina da Faculdade Evangélica do Paraná. Hoje sou médico empreendedor e atuei um bom tempo em consultórios e em urgência e emergência antes de sair da assistência. Nos últimos anos, percebi que muitas coisas mudaram na medicina - outras continuam exatamente iguais - , por isso gostaria de trazer para o debate o que mudou na vida dos médicos recém-formados nesse período.
Acredito que muita coisa mudou do tempo em que escrevi esse texto ha mais de 8 anos para agora. Por esse motivo gostaria das suas opiniões para podermos compartilhar conhecimento com as pessoas da comunidade. Leia o texto e compartilhe conosco a sua opinião nos comentário!
Como todo aluno do 6º ano, estou numa ansiedade muito grande para começar a ganhar meu dinheiro e parar de depender dos meus pais para pagar minhas contas. Além disso, esta fase é aquela em que sofremos por antecipação à procura da especialidade que mais se encaixa em nosso perfil. Definimos se vamos trabalhar um ano, ou fazer residência assim que nos formarmos; se ficamos na cidade grande ou rumamos para o interior atrás de maior retorno financeiro ou de volta para perto da família. As incertezas são enormes e as mudanças, inúmeras!
Ocorreu-me também que esses anseios e possibilidades de frustrações são compartilhados pelos recém-egressos de um programa de residência médica. Existem pequenas nuances aqui: as diferenças são que os egressos de uma residência já trilharam boa parte do caminho, mas ainda não aquele que os definirá como médicos. A insegurança é semelhante.
Ao fazer uma reflexão sobre isso, procurei algumas informações pela rede que pontuassem essas mudanças que estão para ocorrer. Afinal, conhecer o caminho é uma parte crucial para o sucesso.
Mudanças nas regras na vida de um recém-formados:
Ao iniciar a vida como médico, você mudará de...
- de estudante para médico;
- de "come pão" para "ganha pão";
- de visualizador do caminho para trilhador do caminho;
- de ocioso para ocupado;
- da vida de interno (leituras, rondas, provas de residência, pesquisa, estudos) para vida de trabalhador (empregador, cuidado do paciente, boa ou má prática, família/crianças, obrigações financeiras, casa, carro);
- de obrigações próprias para obrigações com os outros.
Mudanças no estilo de vida após a formatura:
O seu estilo de vida com certeza mudará:
- de seguir um currículo acadêmico para criar o seu próprio currículo de vida e adquirir prática médica;
- de possuir uma comunidade acadêmica comprometida em respaldar e orientar as suas atitudes para criar, ou entrar, em um grupo de médicos iguais a você;
- de ter um sistema acadêmico que diga suas falhas como médico para ter a vida profissional, que é cheia de incertezas;
- você vai ter que ser aprovado por outros para determinar sua própria felicidade, valor e legado.
É fácil perceber que essas são enormes mudanças. Enquanto a maioria delas são previstas e excitantes, a transição para sua nova vida pode ser extremamente difícil. Nós sabemos disso.
Talvez a facilidade para essas mudanças esteja nas pessoas que o cercam. O networking pode ser um grande facilitador na carreira médica. O seu sucesso profissional depende de o que você sabe e de quem você conhece, e que possa ajudar você.
Discutimos isso com os recém-formados da Faculdade Evangélica do Paraná. Todos estão empregados e irão trabalhar já na próxima semana. Muitos ainda estão receosos e dizem que não enfrentariam um plantão em um lugar sem o respaldo de um conhecido. Afinal, muitas das faculdades de medicina no país não estão formando adequadamente por não investirem em um internato no qual o aluno seja cobrado a cuidar dos pacientes, e talvez essa seja a grande mudança: a responsabilidade real pela vida das pessoas.
Nesse ínterim, vale a pena procurar fazer seus turnos junto com aqueles seus amigos mais graduados (residentes e especialistas) ou mais experientes. Vale a pena procurar entender e viver um pouco da prática real da profissão.
Se você não possui tais pessoas de confiança para lhe ajudar em momentos de aperto, é quase obrigatório que você ache esse alguém. Infelizmente, aprendemos na prática, muitas vezes, errando e diretamente com o paciente. Ter respaldo é um dos jeitos de minimizar os erros e a mal prática, e também de melhorar o seu serviço prestado e a sua auto-confiança.
Colegas médicos, o que mudou para vocês após a formatura em medicina?
Acadêmicos, o que vocês esperam da vida de recém-formados?
Comentem!