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Dinheiro e Medicina: Uma relação nebulosa

Dinheiro e Medicina: Uma relação nebulosa
Medicina em Crônicas - Elomar R. Moura
mar. 6 - 3 min de leitura
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30 mil é suficiente? Sempre achei muito curioso esse valor, pois frequentemente leio em perfis relacionados a medicina perguntas voltadas a quanto um recém-formado pode ganhar no primeiro mês, nos primeiros anos e assim sucessivamente. Por si só, isso não seria um problema. Entretanto, sempre estão lá os fatídicos 30 mil reais.

Comparo essa cifra, ao mitológico canto das sereias. Esses seres mitológicos eram capazes de seduzir os navegantes com sua melodia, ao ponto de induzir os navegantes a se jogarem no mar para encontrá-las, por fim, os marinheiros se afogavam, surgindo assim o mito. Quando Ulisses (Odisseu), um dos heróis da Odisseia, percebe-se em contato com o canto dessas criaturas ele amarra-se ao mastro do seu barco e põe cera de abelha em seus ouvidos a fim de resistir à tentação.

O constrangimento da relação entre medicina e dinheiro começa desde o embate entre o como chamar o doente, por exemplo, paciente ou cliente? Alguns alegam que isso seja pudor, ora os advogados utilizam o vocábulo “cliente” sem pudor algum e não há uma deterioração das relações pelo claro estabelecimento da noção de prestação de serviços. Por outro lado, existem os que alegam que a saúde é um direito tão primário que trata-se de uma mercantilização chamar o doente de cliente.

Já não estamos na época de Hipócrates em que os doentes pagam o que acham justo por cuidados a saúde. A medicina é um mercado rentabilíssimo, todavia, é evidente que isso não pode ser uma desculpa para ter-se uma relação voltada apenas à prestação de serviço, pagamento e lucro.

E os 30 mil por mês? Pois bem, esse é canto da sereia. Cada profissional terá seu padrão de vida, muita vezes podendo ser custeado por menos que o valor citado, resultando no equilíbrio entre função social do médico e lucro. Quando nos deixamos ser seduzidos por metas alheias a nossa realidade, estamos saltando da nossa jornada em direção as sereias.

Não existe problema algum em objetivar ter estabilidade financeira, conforto e prazeres. A questão que se propõe é: na sua realidade, 30 mil reais, é insuficiente, suficiente ou excedente?

Não deixemos que essas cifras místicas nos afogue.


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