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Doença renal crônica: o que você precisa saber

Doença renal crônica: o que você precisa saber
Luísa Tonin Sartoretto
mai. 28 - 6 min de leitura
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A doença renal crônica (DRC) pode ser considerada uma lesão com perda progressiva da função renal. Essa patologia pode apresentar alterações estruturais ou funcionais nos rins dos pacientes, causando uma série de complicações e custos para o tratamento tanto pelo SUS quanto na rede particular. Considerada um problema de saúde no mundo todo, afetando até mesmo 10 a 16% da população mundial, a DRC, se não tratada rapidamente, causa uma mortalidade cardiovascular maior de 10 vezes se comparada a população total.

O que causa a DRC

Há uma série de causas dessa patologia, porém as que mais se destacam é a diabetes e a hipertensão arterial sistêmica. Dessa forma, muitos pacientes apresentam sintomas somente quando a doença já está instalada, ou seja, ela se apresenta de forma insidiosa e possui uma evolução progressiva. Por isso, o acompanhamento das comorbidades deve ser realizado de forma criteriosa e os profissionais médicos de atenção primária devem estar atentos aos fatores de risco dos pacientes, a fim de prevenir maiores complicações. Além das causas acima citadas, os rins policísticos e as glomerulonefrites também entram no grupo das causas de DRC. Deve-se atentar ainda, ao grupo de risco que contempla a DRC, sendo eles pacientes idosos, com doenças cardiovasculares e em uso de medicações nefrotóxicas.

 Diagnóstico

A respeito do diagnóstico da doença renal crônica, as alterações funcionais ou estruturais do rim devem permanecer por pelo menos 3 meses, controladas através de exames com presença de: proteinúria, hematúria, alterações de eletrólitos.

O quadro clínico geralmente é insidioso e pode estar presente apenas com a doença avançada. Os sinais e sintomas podem acontecer em todos os sistemas. Portanto, cabe ao profissional médico uma anamnese e exame físico detalhado a fim de observar o paciente como um todo. Em geral, deve-se estar atento a sintomas gerais como fadiga, cansaço, inapetência, edema, desnutrição. Também, alterações dermatológicas como palidez cutânea, pele seca e atrofiada, equimoses pelos distúrbios da hemostasia e prurido.

 O estadiamento da doença renal crônica é feita através de 5 classes e leva em conta a taxa de filtração glomerular (TFG) ou também chamada de clearence de creatinina, calculado através dos valores de creatinina no sangue. A fórmula utilizada para o clearence de creatinina é a de Cockcroft-Gault. Dessa forma, é classificado assim:

  • Classe 1: o paciente apresenta uma TFG maior que 90 ml/min, os pacientes que estão nessa classe, têm um pequeno grau de lesão renal, ainda não refletindo no grau de TFG. Porém, são pacientes que geralmente apresentam os fatores de risco como diabetes e HAS.
  • Classe 2: a taxa de TFG fica em torno de 60 a 89 ml/min e pode ser chamada de pré-insuficiência renal, trata-se do estágio mais precoce de insuficiência renal.

A classe 3 é subdividida em 3a e 3b, sendo assim:

  • Classe 3a: nessa classe o paciente apresenta uma TFG entre 45 a 59 ml/min e é a fase da insuficiência crônica declarada. Nota-se a creatinina acima dos valores de referência e os sintomas começam a aparecer.
  • Classe 3b: a taxa de filtração nesse caso fica de 30 a 40 ml/min. O rim já demonstra seus sinais de falência, a produção de eritropoietina torna-se escassa o que corrobora no controle da produção de hemácias, acarretando no surgimento de anemia.
  • Classe 4: TFG de 15 a 29 ml/min, nessa fase os exames laboratoriais já estão com valores bem expressivos com diversas alterações.
  • Classe 5: taxa de filtração < 15 ml/min, trata-se da doença renal crônica em estádio final, o paciente será submetido a uma terapia de substituição renal.

Tratamento

O tratamento para a DRC é realizado através do controle das complicações. Ou seja, se o paciente apresenta por exemplo, hipertensão arterial crônica e proteiunuria > 1g/dia, deve-se realizar o tratamento com IECA ou BRA. Objetiva-se em pacientes hipertensos uma pressão < 130/80 mmHg.

Em pacientes que apresentam anemia (geralmente normocítica e normocrômica), deve-se repor as carências conforme a necessidade (Fe, VB12, ácido fólico), lembrar também da reposição de eritropoietina (EPO). Para corrigir os distúrbios hidroeletrolíticos, é essencial prescrever aos pacientes uma dieta hipossódica, hipocalêmica e hipoproteica, orientando também a evitar o consumo excessivo de água pelo risco de hiponatremia. Como o hiperparatireoidismo secundário também é uma complicação da DRC, recomenda-se, nesses casos, um quelante de fósforo a fim de reduzir os seus níveis, como o carbonato de cálcio ou hidróxido de alumínio e calcitriol oral (vitamina D ativa). Pode-se tratar a acidose com bicarbonato de sódio a 0,5 a 1 mEq/Kg/dia a fim de diminuir a progressão da DRC e diminuir o risco de desenvolvimento de doença óssea.

Conclusão

Mesmo não havendo cura para a doença renal crônica, o acompanhamento rígido com um nefrologista é extremamente essencial para o controle dos fatores de risco e das complicações. Além dos medicamentos disponíveis para o controle das complicações, há também as terapias de substituição renal que consistem na hemodiálise, diálise peritoneal e em últimos casos, transplante renal.

REFERÊNCIAS:

  • Chronic kidney disease (newly identified): Clinical presentation and diagnostic approach in adults
  • Bastos, Marcus Gomes, Bregman, Rachel e Kirsztajn, Gianna MastroianniDoença renal crônica: frequente e grave, mas também prevenível e tratável. Revista da Associação Médica Brasileira [online]. 2010, v. 56, n. 2 [Acessado 26 Maio 2021] , pp. 248-253. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0104-42302010000200028>. Epub 13 Maio 2010. ISSN 1806-9282. https://doi.org/10.1590/S0104-42302010000200028.
  • JORNAL BRASILEIRO DE NEFROLOGIA – BRAZILIAN JOURNAL OF NEPHROLOGY – 2010 a 2013.Edição impressa - Editora Elsevier, São Paulo. Versão online - Acessar: http://www.jbn.org.br/ ou http://www.scielo.br/scielo (2009 - 2010).

 


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