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Efeito da Psilocibina na Função Cerebral

Efeito da Psilocibina na Função Cerebral
Comunidade Academia Médica
jul. 18 - 3 min de leitura
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Um estudo publicado na revista Nature no dia 17 de julho de 2024, traz informações relevantes sobre os efeitos profundos e duradouros da psilocibina, o composto alucinógeno encontrado em cogumelos mágicos, em redes neuronais do cérebro. O estudo realizado por uma equipe de neurocientistas da Escola de Medicina de Harvard e da Universidade de Washington em St. Louis, explorou como a psilocibina pode redefinir inteiramente os padrões de comunicação entre diversas regiões cerebrais, que controlam a percepção do tempo e do self em indivíduos.

Utilizando a técnica de imagem por ressonância magnética funcional (fMRI), os pesquisadores observaram as mudanças na atividade cerebral de sete adultos saudáveis antes, durante e após a ingestão de uma dose elevada de psilocibina.  Essas imagens revelaram que a psilocibina induz uma alteração na sincronia das regiões do cérebro que normalmente operam em conjunto, especialmente no que é conhecido como rede de modo padrão, que está ativa quando o cérebro está em repouso, como durante o devaneio.

Interessantemente, apesar de a maior parte das alterações neuronais normalizarem após os efeitos agudos da droga, a comunicação entre a rede de modo padrão e o hipocampo anterior continuou diminuída por semanas. Este resultado é particularmente significativo, visto que estas áreas do cérebro estão envolvidas na formação das nossas percepções de espaço, tempo e identidade pessoal.

Além de mapear essas mudanças, os pesquisadores também descobriram que técnicas de "ancoragem" usadas em terapias psicodélicas para minimizar os efeitos desagradáveis da droga, reduzindo a atenção do indivíduo para seu ambiente imediato, conseguem atenuar os efeitos da psilocibina no cérebro. Isso indica que certos sinais neurológicos podem ser influenciados por essas técnicas.

Essas descobertas não apenas ampliam a compreensão de como a psilocibina afeta as redes neuronais, mas também sugerem por que o composto pode ter efeitos terapêuticos em condições neurológicas como depressão e transtorno de estresse pós-traumático. Os autores sugerem que a experiência psicodélica em si, ou as alterações induzidas pela droga nos fluxos sanguíneos cerebrais e na atividade neuronal, podem estar por trás das mudanças observadas nas redes cerebrais.

O neurocientista Joshua Siegel expressa otimismo sobre o futuro das pesquisas: “Esse trabalho não só fornece novas percepções sobre a natureza da interrupção das redes cerebrais pela psilocibina, como também estabelece uma base para desenvolver hipóteses adicionais que precisam e devem ser testadas”.

Oestudo destaca um avanço significativo no entendimento das bases neurobiológicas dos psicodélicos e abre caminho para futuras investigações que poderiam ajudar a legitimar e otimizar o uso dessas substâncias como possíveis tratamentos para diversas condições psiquiátricas. A pesquisa continua a ser um campo vibrante e promissor, com potencial para revolucionar a maneira como compreendemos e tratamos distúrbios mentais.



Referência: 

Kozlov, M. (2024, July 17). Your brain on shrooms — how psilocybin resets neural networks. Nature. Retrieved from https://www.nature.com/articles/d41586-024-02275-y


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