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Eficácia das vacinas contra a variante Delta da COVID-19

Eficácia das vacinas contra a variante Delta da COVID-19
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ago. 18 - 5 min de leitura
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A variante B.1.617.2 (delta) da Covid-19, contribuiu para um aumento de casos na Índia e agora foi detectado em todo o mundo, incluindo um aumento notável de casos no Reino Unido. Mas a eficácia das vacinas BNT162b2 (Pfizer–BioNTech) e ChAdOx1 nCoV-19 (AstraZeneca) contra esta variante ainda não está clara.

A variante delta é caracterizada pelas mutações da proteína spike T19R, Δ157-158, L452R, T478K, D614G, P681R e D950N. Várias dessas mutações podem afetar as respostas imunológicas direcionadas às principais regiões antigênicas da proteína de ligação ao receptor (452 e 478) e exclusão de parte do domínio N-terminal. Até onde sabemos no momento as cepas com mutações nesse local podem ter uma replicação aumentada, o que leva a cargas virais mais altas e transmissão aumentada. Dados sobre a eficácia das vacinas da Covid-19 contra esta variante são limitados. Mas um estudo recente, teve como objetivo estimar a eficácia de duas vacinas (AstraZeneca e Pfizer), contra doença sintomática causada pela variante delta.

Como esse estudo foi realizado?

Os pesquisadores utilizaram um desenho de caso-controle para estimar a eficácia da vacinação contra a doença sintomática causada pela variante delta ou a cepa predominante (B.1.1.7, ou variante alfa) durante o período em que a variante delta começou a circular. As variantes foram identificadas com o uso de sequenciamento e com base no status do gene para a proteína spike (S). Os dados de todos os casos sequenciados sintomáticos de Covid-19 na Inglaterra foram usados para estimar a proporção de casos com qualquer uma das variantes de acordo com o estado de vacinação dos pacientes.

Eles também utilizaram duas abordagens para estimar o efeito da vacinação na variante delta. Primeiro, foi usado um desenho de caso-controle com teste negativo para estimar a eficácia da vacina contra a doença sintomática causada pela variante delta, em comparação com a variante alfa, durante o período em que a variante delta esteve circulando. Em resumo, foram comparados o estado de vacinação de pessoas com Covid-19 sintomáticas com o estado de vacinação em pessoas que relataram sintomas, mas tiveram um teste negativo. Essa abordagem ajuda a controlar vieses relacionados ao comportamento de busca por atendimento em saúde, acesso a testes e averiguação de casos.

E quais foram os resultados da pesquisa?

A eficácia após uma dose da vacina (Pfizer ou Astrazeneca) foi notavelmente menor entre as pessoas com a variante delta do que entre aqueles com a variante alfa; os resultados foram semelhantes para ambas as vacinas. Com a vacina Pfizer, a eficácia de duas doses foi de 93,7% (95% CI, 91,6 a 95,3) entre as pessoas com a variante alfa e 88,0% (95% CI, 85,3 a 90,1) entre aqueles com a variante delta. Com a vacina de Oxford/Astrazeneca, a eficácia de duas doses foi de 74,5% (IC de 95%, 68,4 a 79,4) entre as pessoas com a variante alfa e 67,0% (IC de 95%, 61,3 a 71,8) entre aqueles com a variante delta.

E o que podemos concluir desse estudo?

Um efeito claro foi observado com ambas as vacinas, com altos níveis de eficácia após duas doses. A eficácia da vacina contra qualquer uma das variantes foi menor após o recebimento de duas doses da vacina ChAdOx1 nCoV-19 do que após o recebimento de duas doses da vacina BNT162b2, um achado que é consistente com outros ensaios clínicos prévios. O número de casos e os períodos de acompanhamento são atualmente insuficientes para estimar a eficácia da vacina contra doença grave, hospitalização e óbito.

Apenas diferenças modestas na eficácia da vacina foram observadas com a variante delta em comparação com a variante alfa após o recebimento de duas doses da vacina. As diferenças absolutas na eficácia da vacina foram mais marcadas após o recebimento da primeira dose. Esta descoberta de eficácia reduzida após a primeira dose apoiaria os esforços para maximizar a tomada da vacina com duas doses entre os grupos vulneráveis no contexto da circulação da variante delta.


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Referências

  1. Lopez Bernal J, Andrews N, Gower C, Gallagher E, Simmons R, Thelwall S, et al. Effectiveness of Covid-19 Vaccines against the B.1.617.2 (Delta) Variant. New England Journal of Medicine [Internet]. 2021 Aug 12 [cited 2021 Aug 17];385(7):585–94. Available from: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2108891?query=featured_home ‌

Conteúdo elaborado por Diego Arthur Castro Cabral


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