Um estudo publicado em 30 de janeiro de 2024 do JAMA Network Open traz informações sobre a eficácia e segurança relativas da gastrectomia vertical (SG) em comparação com o bypass gástrico Roux-en-Y (RYGB), duas das técnicas cirúrgicas mais prevalentes no tratamento da obesidade severa. Diante de uma epidemia global de obesidade, que afeta 13% dos adultos mundialmente e está associada a cerca de 4 milhões de mortes anuais, o estudo destaca a importância crucial da cirurgia metabólica e bariátrica como tratamento eficaz.
Fonte: Hedberg S, Thorell A, Österberg J, et al., 2024
Historicamente, a gastrectomia vertical (SG) foi reconhecida como um procedimento autônomo pela Sociedade Americana de Cirurgia Metabólica e Bariátrica em 2012, tornando-se rapidamente a técnica bariátrica mais popular nos Estados Unidos. Enquanto isso, o bypass gástrico Roux-en-Y (RYGB), com um longo histórico de sucesso, demonstrou perda de peso sustentada e melhoria nas comorbidades relacionadas à obesidade.
A pesquisa, comparou dados de dois ensaios clínicos europeus bem projetados e limitados em tamanho, revelando apenas diferenças menores em termos de perda de peso e resolução de comorbidades ao longo de 5 anos entre gastrectomia vertical (SG) e bypass gástrico Roux-en-Y (RYGB). No entanto, estudos randomizados em pacientes com diabetes tipo 2 mostraram melhorias superiores no controle da glicose e remissão do diabetes após RYGB em comparação com SG.
O ensaio clínico randomizado de grande escala foi conduzido na Suécia e na Noruega. Apresentou dados basais, cirúrgicos e perioperatórios de SG e RYGB, visando comparar a perda de peso e o risco de eventos adversos entre as técnicas. Os resultados indicaram taxas baixas de complicações perioperatórias, sem diferenças estatísticas significativas entre os grupos.
A taxa de eventos adversos graves dentro de 30 dias foi ligeiramente maior no grupo RYGB, embora essa diferença não fosse estatisticamente significativa, alinhando-se com estudos randomizados anteriores. Na tabela a seguir, podemos observar as diagnósticos que levaram à necessidade de reoperação de pacientes até 30 dias após a realização da gastrectomia vertical (SG) e do bypass gástrico Roux-en-Y (RYGB):
Fonte: Hedberg S, Thorell A, Österberg J, et al., 2024
Os resultados destacam a importância de uma comunidade cirúrgica experiente e a padronização das técnicas cirúrgicas para a redução do risco de complicações. A obstrução do intestino delgado foi mais comum no estudo do que em relatos anteriores sobre complicações perioperatórias após RYGB, um risco potencialmente relacionado à técnica cirúrgica específica utilizada.
Em termos de tempo operatório e duração da estadia hospitalar pós-operatória, o RYGB levou mais tempo que a SG, mas ambos os procedimentos resultaram em apenas uma noite de internação hospitalar, o que é consistente com dados publicados anteriormente.
Os autores concluem que, para pacientes adultos na Suécia e na Noruega com IMC de 35 a 50 que se submeteram a SG e RYGB, a morbidade perioperatória foi baixa e não significativamente diferente entre os grupos. Assim, sugerem que o risco perioperatório deve ter uma atenção limitada na escolha entre SG ou RYGB, enfatizando a eficácia e segurança de ambas as técnicas cirúrgicas no tratamento da obesidade severa.
A tabela a seguir apresenta os resultados intraoperatórios e perioperatórios para participantes que foram randomizados para receber a gastrectomia vertical (SG) ou o bypass gástrico Roux-en-Y (RYGB) no estudo 'Bypass Equipoise Sleeve Trial':
Fonte: Hedberg S, Thorell A, Österberg J, et al., 2024
Este estudo evidencia a importância no entendimento das melhores práticas em cirurgia bariátrica, oferecendo insights para médicos e pacientes na tomada de decisões informadas sobre o tratamento cirúrgico da obesidade.
Para mais detalhes sobre os resultados deste estudo, acesse aqui a pesquisa na íntegra! 😉
Referência:
Hedberg S, Thorell A, Österberg J, et al. Comparison of Sleeve Gastrectomy vs Roux-en-Y Gastric Bypass: A Randomized Clinical Trial. JAMA Netw Open. 2024;7(1):e2353141. doi:10.1001/jamanetworkopen.2023.53141