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Estudo Analisa Vínculo entre Pré-eclâmpsia e Demência Precoce

Estudo Analisa Vínculo entre Pré-eclâmpsia e Demência Precoce
Academia Médica
jun. 1 - 3 min de leitura
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A pré-eclâmpsia é uma complicação gestacional conhecida por seus impactos imediatos na saúde materna e fetal, ocorrendo entre 2% a 5% das gestações. Tradicionalmente associada a riscos aumentados de morbidades cardiovasculares e renais a longo prazo, um novo estudo revela que suas implicações podem se estender ainda mais profundamente, influenciando a saúde neurológica das mulheres anos após o parto.

Publicado em 30 de maio de 2024, em JAMA Network Open o estudo, conduzido através dos dados do sistema nacional de saúde da França, observou mulheres que deram à luz após 22 semanas de gestação entre 2010 e 2018, seguindo-as até o final de 2021. A pesquisa identificou uma associação significativa entre histórico de pré-eclâmpsia e um aumento no risco de desenvolver demência precoce, antes dos 65 anos.

🟦 Características iniciais dos pacientes envolvidos no estudo:

Fonte: Olié V, Lailler G, Torres MJ, Regnault N, Carcaillon-Bentata L, Blacher J., 2024


Principais Descobertas

O estudo revelou que, das quase 2 milhões de mulheres acompanhadas, 128 desenvolveram demência precoce durante o período de observação. A análise ajustada dos dados mostrou que aquelas com histórico de pré-eclâmpsia apresentaram um risco 2,65 vezes maior de desenvolver demência precoce em comparação com aquelas sem histórico de distúrbios hipertensivos na gestação.

Mais alarmante ainda, a pesquisa indicou que o risco de demência era significativamente maior em casos específicos de pré-eclâmpsia:

  • Pré-eclâmpsia antes das 34 semanas de gestação: Risco aumentado em 4,15 vezes.
  • Pré-eclâmpsia superposta à hipertensão crônica: Risco aumentado em 4,76 vezes.

Curiosamente, a pré-eclâmpsia severa não foi associada a um aumento significativo no risco de demência precoce, uma descoberta que os pesquisadores atribuem à baixa potência estatística neste subgrupo.

🟦 A tabela a seguir resume as características basais dos pacientes incluídos no estudo, oferecendo uma visão geral das condições e demográficos iniciais do grupo estudado:

Fonte: Olié V, Lailler G, Torres MJ, Regnault N, Carcaillon-Bentata L, Blacher J., 2024


Implicações Clínicas e Futuras Pesquisas

Este estudo é o primeiro a vincular diretamente a pré-eclâmpsia com um aumento no risco de demência precoce, sugerindo que as consequências desta condição gestacional podem ser mais abrangentes e duradouras do que anteriormente entendido. Estas descobertas são particularmente relevantes para a prática clínica, pois reforçam a necessidade de monitoramento neurológico de longo prazo em mulheres que experienciaram pré-eclâmpsia.

Além disso, os resultados apontam para a necessidade de mais pesquisas para confirmar esses achados iniciais e para explorar se a pré-eclâmpsia é um fator de risco independente para demência. Investigar se existem fatores de risco comuns ou uma suscetibilidade fisiológica para a demência, que poderia ser desmascarada pela gravidez, é essencial para entender completamente as implicações desta descoberta.

A adição da pré-eclâmpsia à lista de riscos de doenças ao longo da vida destaca a importância de estratégias de prevenção e intervenção precoce. Para as mulheres que sofreram de pré-eclâmpsia, este estudo sublinha a importância de uma vigilância contínua e avaliações de saúde que incluam aspectos neurológicos, além dos cardiovasculares e renais já recomendados.


Referência:

Olié V, Lailler G, Torres MJ, Regnault N, Carcaillon-Bentata L, Blacher J. Young-Onset Dementia Among Individuals With History of Preeclampsia. JAMA Netw Open. 2024;7(5):e2412870. doi:10.1001/jamanetworkopen.2024.12870



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