Um estudo liderado pela Universidade de East Anglia, está prometendo mudar o panorama do diagnóstico e tratamento do osteossarcoma, um tipo raro de câncer ósseo que afeta principalmente crianças e adolescentes. A pesquisa utilizou um avançado modelo de aprendizado de máquina conhecido como "Decomposição de Processo Latente" (DPL) para identificar, pela primeira vez, três subtipos distintos desta doença, abrindo caminho para tratamentos mais personalizados e eficazes.
Historicamente, o osteossarcoma tem sido tratado com quimioterapia não direcionada e cirurgia, que muitas vezes resulta em amputação de membros, além de severos efeitos colaterais a longo prazo. Além disso, várias tentativas de novos tratamentos falharam nos últimos 50 anos devido a ensaios clínicos que não consideraram as variações entre os tumores.
O Dr. Darrell Green, autor principal do estudo e pesquisador da Escola Médica de Norwich, UEA, destacou que em ensaios anteriores considerados "fracassados", houve uma pequena taxa de resposta ao novo medicamento, sugerindo a existência de subtipos de osteossarcoma que respondiam ao tratamento. "Essas novas descobertas mostram que os medicamentos não eram um 'fracasso' total, como previamente concluído, mas sim que não eram eficazes para todos os pacientes com osteossarcoma", explica Dr. Green.
A pesquisa descobriu que um dos subtipos identificados respondeu mal ao tratamento padrão com a combinação de drogas quimioterápicas conhecida como MAP. A identificação desses subtipos permitirá que os médicos personalizem os tratamentos, levando a melhores resultados nos ensaios clínicos e na prática clínica, afastando-se da quimioterapia padrão.
Dr. Sultana Choudhry, Chefe de Pesquisa da Children with Cancer UK, ressalta a importância do financiamento em pesquisa pioneira: "Investir em programas de pesquisa inovadores é essencial para avançarmos em nossa visão de um mundo onde cada criança e jovem sobrevive ao câncer. Ao financiar pesquisas revolucionárias, não apenas avançamos no conhecimento científico, mas também encontramos tratamentos mais eficazes e menos agressivos para nossos pacientes mais jovens e vulneráveis."
A taxa de sobrevivência para o osteossarcoma estagnou em torno de 50% nos últimos 45 anos, principalmente devido à falta de compreensão sobre os subtipos da doença, a interação do sistema imunológico com o tumor e os fatores que causam resistência ao tratamento ou metástase. Este estudo representa um avanço significativo, pois além de identificar subtipos, também levou ao desenvolvimento de novas diretrizes para a coleta de amostras de câncer ósseo e dados clínicos em toda a Europa.
Apesar dos desafios, como o pequeno conjunto de dados para o desenvolvimento do modelo DPL e dados clínicos incompletos na coorte de validação, o método DPL provou ser confiável, identificando consistentemente subgrupos de osteossarcoma em quatro conjuntos de dados independentes. Com a adição de mais dados ao longo do tempo, espera-se refinar ainda mais o modelo DPL e descobrir tipos ainda mais específicos de osteossarcoma.
Referência:
University of East Anglia. "Breakthrough study set to change how osteosarcomas are diagnosed and treated." ScienceDaily. ScienceDaily, 20 December 2024. <www.sciencedaily.com/releases/2024/12/241220132857.htm>.