Em 08 de janeiro de 2024, a American College of Cardiology (ACC) apresentou um debate abrangente sobre as complexidades e desafios enfrentados na avaliação e manejo cardiovascular de pacientes com obesidade. Esta discussão evidencia a crescente importância da obesidade como um fator de risco significativo para doenças cardiovasculares e sublinha a necessidade de uma abordagem multifacetada para o tratamento desses pacientes. A seguir, vamos explorar em detalhes os aspectos mais relevantes desta discussão.
💓 Complexidade da Obesidade e Risco Cardiovascular
A obesidade, classificada pela OMS quando o IMC é igual ou superior a 30 kg/m², é um fator central na gênese de doenças cardiovasculares, como aterosclerose, insuficiência cardíaca e fibrilação atrial. Além disso, ela está intrinsecamente ligada a riscos adicionais, como hipertensão, diabetes tipo 2 e distúrbios do sono. As limitações do IMC, principalmente em diferentes grupos populacionais, ressaltam a necessidade de avaliações mais precisas, como a medição da circunferência abdominal.
🩺 Diagnóstico em Pacientes Obesos: Desafios e Alternativas
A obesidade impõe barreiras significativas aos métodos convencionais de diagnóstico cardíaco. Por exemplo, no ECG, a presença de tecido adiposo substancial pode mascarar sinais críticos de isquemia. Na ecocardiografia, a resolução espacial é frequentemente comprometida, mas pode ser melhorada com o uso de contraste ultrassonográfico. Em termos de imagem, a angiografia por tomografia computadorizada (TC) se mostra menos eficaz com o aumento do IMC, enquanto a ressonância magnética apresenta limitações relacionadas ao tamanho dos equipamentos.
💊Farmacoterapia: Ajustes e Precauções
A obesidade altera a farmacocinética e a farmacodinâmica, desafiando a eficácia dos tratamentos padrões. Medicamentos lipofílicos podem necessitar de ajustes na dosagem, e condições como a doença hepática gordurosa não alcoólica exigem atenção especial. O manejo de anticoagulantes orais diretos em pacientes obesos é particularmente complexo, com riscos de sub dosagem.
💓 Intervenções Cardiológicas em Pacientes Obesos
Embora o IMC não seja um preditor de mortalidade em intervenções coronárias, pacientes obesos enfrentam desafios específicos, como o acesso vascular durante procedimentos percutâneos. O paradoxo da obesidade, que observa um efeito neutro ou benéfico da obesidade na mortalidade pós-intervenção, permanece uma área de investigação intensa.
👩🏻⚕️Manejo da Obesidade: Além da Perda de Peso
O tratamento da obesidade vai além da perda de peso e envolve um compromisso com mudanças no estilo de vida e na alimentação. Terapias como a cirurgia bariátrica devem ser consideradas para redução do risco cardiovascular em pacientes com IMC elevado e falha em terapias conservadoras. Além disso, novas opções farmacológicas, como os agonistas do receptor de GLP-1, têm mostrado promessa não apenas na redução do peso, mas também em benefícios cardiovasculares diretos.
💙 Um Olhar Integrado na Obesidade e Saúde Cardiovascular
A abordagem da obesidade em pacientes com doenças cardiovasculares requer uma visão integrada que considere as complexidades diagnósticas, terapêuticas e de manejo de estilo de vida. A compreensão das nuances na prescrição para pacientes obesos e o reconhecimento de comorbidades são essenciais para otimizar os resultados de saúde.
Referência:
Gaine, S. P., Grandhi, G., Blumenthal, R. S., Blaha, M. J., & Ndumele, C. E. (2024, Janeiro 08). Challenges in the Cardiovascular Evaluation and Management of Patients With Obesity. American College of Cardiology. Disponível em: https://www.acc.org/Latest-in-Cardiology/Articles/2024/01/05/13/21/Challenges-in-the-CV-Evaluation-and-Management-of-Patients-With-Obesity