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Faculdade de Medicina

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Medicina em Crônicas - Elomar R. Moura
jun. 12 - 3 min de leitura
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A disputa começa desde a incerteza da escolha. Deparar-se com andares inteiros divididos geometricamente com 80, 100 ou 150 alunos espremidos em várias salas, horários estendidos e um cotidiano fatiado por horas e com cada hora já previamente dividida e preenchida em uma planilha.

Esse é um dos retratos possíveis para os estudantes que vão prestar vestibular de medicina. Rotina que pode se repetir por um, dois, três ou quatro anos. Trata-se de concurso público, para adolescentes e jovens adultos, em sua maioria, dos 17 aos 24 anos. Sem contato prévio, a escolha é feita por uma projeção do que se imagina ser o curso, do que se imagina que seja a prática médica.

Após finais de semana dedicados a simulações de prova com 4 ou 5 horas de duração e o recomeço das aulas na segunda feira das 7 às 13, acontece a aprovação. Por vezes, a oportunidade não se concretizou na universidade pública, grande desejo da maioria, entretanto, é quando o sonho começa a tomar forma do Querer, pois, o sonho é concreto como uma nuvem, por mais que você o aperte com as mãos, escapa docilmente pelas frestas dos dedos. O Querer, carrega potência, como o ronco de um potente motor, faz barulho, contrai nossos músculos e quando apertamos com as mãos, lá está ele, sob nosso controle.

A despeito de todo o romantismo e idealismo, o curso de formação médica é belíssimo. É quando conseguimos vislumbrar uma lógica no funcionamento de toda aquela maquinaria térmica e bioquímica. A máquina por excelência. Desde a fascinação da neuroplasticidade neurológica, até a incompreensão da sutileza das membranas renais. De fato é encantador, nos entendermos como um bicho, fruto de processo de construção e desconstrução, refinado por milhares de anos através de uma refinada seleção.

Surgem as frustrações, os embates e as decisões permanentes. Poder escolher é uma das angústias fundamentais e reconhecer-se diante das decisões podem ser desconcertantes. Dentro da universidade, os horários são mais brandos, a rotina se modifica a cada semestre, sempre há novidade, dificilmente haverá uma monotonia. Entretanto, não impede que as notas baixas nos perturbem e que desentendimentos com colegas de salas ocorram, choque entre egos.

Nascida de uma projeção, criada na vontade e cultivada entre romantismo, fascinação e frustrações. O curso de medicina é uma escolha que pode adquirir o significado que preferirmos. Nessa equação, o equilíbrio entre essas variáveis é força resultante que nos move à frente, o motor potente da vontade, abastecido por pequenas doses de frustrações e guiado pela projeção dos sonhos.


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