Uma pesquisa conduzida pela Universidade de Cambridge, traz informações sobre os fatores genéticos que influenciam a idade da primeira menstruação em meninas. Publicado na revista Nature Genetics, o estudo é o maior de seu tipo até hoje, analisando o DNA de aproximadamente 800.000 mulheres originárias de Europa, América do Norte, China, Japão e Coreia.
Os pesquisadores descobriram mais de 1.000 variantes genéticas que afetam a idade do primeiro período menstrual, com cerca de 600 dessas variantes sendo identificadas pela primeira vez. Interessantemente, 45% dessas variantes genéticas influenciam a puberdade de forma indireta, acelerando o ganho de peso na infância, um fator de risco conhecido para a puberdade precoce.
O Prof. John Perry, autor correspondente do estudo, explica que muitos dos genes identificados aceleram o ganho de peso em bebês e crianças, o que pode levar a problemas de saúde graves na vida adulta, como maiores taxas de sobrepeso e obesidade. Essa relação entre ganho de peso precoce e puberdade antecipada destaca a complexidade das redes genéticas e ambientais que regulam os processos de maturação.
Além disso, os cientistas identificaram variações genéticas raras que têm grandes impactos na puberdade. Por exemplo, uma em cada 3.800 mulheres possui variantes no gene ZNF483, que atrasam a puberdade em média 1,3 anos. Essas descobertas não só ampliam nosso entendimento sobre a regulação hormonal e crescimento infantil, como também sugerem potenciais intervenções para indivíduos em risco de puberdade precoce e obesidade.
Dr. Katherine Kentistou, investigadora principal do estudo, destaca a importância das novas descobertas: “Pela primeira vez, conseguimos analisar variantes genéticas raras nesta escala. Identificamos seis genes que afetam profundamente o tempo de puberdade. Embora esses genes tenham sido descobertos em meninas, eles frequentemente têm o mesmo impacto sobre o tempo de puberdade em meninos.”
A equipe também desenvolveu uma pontuação genética que pode prever se uma menina terá puberdade muito precoce ou muito tardia. As meninas com a pontuação genética mais alta estão 11 vezes mais propensas a ter uma puberdade extremamente tardia, enquanto aquelas no percentil mais baixo têm 14 vezes mais chances de ter uma puberdade extremamente precoce.
O Prof. Ken Ong, autor sênior e pediatra, projeta o uso futuro dessas pontuações genéticas na prática clínica: “No futuro, poderemos usar essas pontuações genéticas para identificar meninas cuja puberdade ocorrerá muito cedo ou muito tarde. O NHS já está testando o sequenciamento do genoma completo ao nascer, o que nos fornecerá as informações genéticas necessárias para tornar isso possível.”
Essas descobertas representam um passo na compreensão das bases genéticas da puberdade e oferecem novas possibilidades para intervenções médicas e comportamentais que podem melhorar significativamente a saúde das futuras gerações.
Referência:
University of Cambridge. "Largest ever genetic study of age of puberty in girls shows links with weight gain." ScienceDaily. ScienceDaily, 1 July 2024. <www.sciencedaily.com/releases/2024/07/240701131723.htm>.