Bem-vindos à série "Gabinete de Curiosidades Médicas"! Aqui você vai encontrar fatos curiosos, sombrios ou interessantes sobre a história da medicina e das artes. Prepare-se para um encontro inesperado com médicos, escultores, pintores, filósofos que se unem para contar um pouco das inusitadas intersecções, costuras e remendos entre ciência, medicina e literatura no Século XIX.
Vamos lá?
A história da ciência e da medicina do século XIX é simplesmente incrível e está recheada de personagens estranhos e fascinantes. Um deles é o cirurgião escocês Robert Liston.
Em uma época em que ainda não existiam anestésicos, as cirurgias (amputações na maioria das vezes) precisavam ser feitas com a maior velocidade possível. As amputações mais rápidas chegavam a durar aproximadamente dois minutos. Imaginem só, dois minutos de uma dor excruciante e ininterrupta! Melhor não pensar, certo?
Neste cenário surge Robert Liston. Médico escocês reconhecido por sua força e habilidade no manuseio dos instrumentos cirúrgicos. Media 1,90m (quase um gigante para a época), era forte, seguro e não tinha muita paciência - certa vez, arrancou à força um paciente que havia se escondido no armário com medo da cirurgia.
Além disso, Liston era um dos únicos cirurgiões capazes de amputar um membro em apenas trinta segundos (TRINTA SEGUNDOS!), o que lhe garantiu o título de “a faca mais rápida de West End”. Sabendo da grande impressão que sua velocidade causava, conta-se que ele tinha o hábito de, ao iniciar uma cirurgia, emitir um sonoro “senhores, comecem a contar!”, pedindo para que as pessoas ao redor contassem o tempo em seus relógios.
Para poder conduzir procedimentos cirúrgicos com maior precisão, ele criou em 1830 a sua própria faca (batizada de Liston Knife), que tinha dois gumes, com uma lâmina de 6 a 8 polegadas. A faca tornou-se ainda mais famosa quando se especulou que o serial killer popularmente conhecido como Jack, o Estripador, teria feito uso do mesmo tipo de faca para matar suas vítimas.
Apesar de ter sido uma figura de grande importância para o desenvolvimento da história da cirurgia, Robert Liston é também conhecido por outro recorde. Um que certamente não provocaria muito orgulho no gigante escocês caso ainda estivesse vivo nos dias atuais: o de ter provocado mais mortes em uma única cirurgia.
Durante um procedimento operatório, devido à enorme velocidade com que fazia seus movimentos e trocava de instrumentos, Liston acidentalmente cortou fora o dedo de seu assistente e, na sequência, raspou com sua faca afiada o casaco de um dos espectadores que assistia a cirurgia.
Resultado: o paciente morreu de gangrena; o assistente morreu de gangrena… e o incauto espectador morreu de medo.
Um total de 300% de mortalidade em uma única cirurgia.