Um estudo de Revisão Sistemática publicada no Occupational and Environmental Medicine destaca como as diferenças de gênero e sexo influenciam a vulnerabilidade às doenças infecciosas em ambientes ocupacionais. Esta pesquisa esclarece as variações nos riscos enfrentados por homens e mulheres em diversas profissões, e enfatiza a relevância de medidas em saúde ocupacional que reconheçam e se adaptem a essas diferenças.
A análise realizada mostrou que homens tendem a ter um risco aumentado de certas infecções, como hepatite em trabalhadores de saúde que lidam diretamente com pacientes e infecções parasitárias em agricultores. Por outro lado, mulheres apresentaram um risco maior de toxoplasmose, especialmente em setores dominados por homens, como o da mineração. Essas diferenças são atribuídas tanto a fatores biológicos quanto à inadequação dos equipamentos de proteção individual (EPIs) projetados predominantemente para homens.
A pandemia de COVID-19 também foi um ponto de análise crucial, revelando que ocupações anteriormente consideradas de baixo risco, como as de varejo e serviços alimentícios, enfrentaram um aumento significativo no risco devido à necessidade de contato próximo com o público.
Impacto dos Fatores Biológicos e Equipamentos de Proteção
O estudo aponta que diferenças imunológicas, que podem ser influenciadas por hormônios sexuais e a expressão de genes no cromossomo X, podem contribuir para uma suscetibilidade diferenciada às infecções entre homens e mulheres. Além disso, a pesquisa critica o design geral dos EPIs, que muitas vezes não leva em consideração as diferenças antropométricas femininas, colocando muitas trabalhadoras em desvantagem significativa em termos de proteção contra doenças infecciosas.
Comportamento de Gênero e Adesão às Práticas de Segurança
Curiosamente, evidências sugerem que mulheres em profissões de saúde frente a pacientes tendem a praticar mais rigorosamente a higiene das mãos e o uso de EPIs durante surtos, o que pode ter mitigado seu risco durante a pandemia de COVID-19.
Desafios e Recomendações para Pesquisas Futuras
O levantamento destacou uma falta de foco nas diferenças de gênero/sexo em literaturas sobre doenças infecciosas ocupacionais, sugerindo que essas diferenças podem estar subestimadas. Para avançar, os pesquisadores devem empregar estratégias de amostragem estratificadas que permitam detectar diferenças a priori definidas nos riscos de doenças infecciosas ocupacionais entre os gêneros.
Este estudo reforça o olhar para políticas e práticas de segurança no trabalho que considerem as diferenças de gênero e sexo para garantir que todos os trabalhadores estejam protegidos de maneira adequada e equitativa. A personalização dos EPIs e das estratégias de prevenção pode não apenas reduzir os riscos de infecções no local de trabalho, mas também promover uma maior equidade de gênero no ambiente laboral.
👉🏻 Para aprofundar o seu conhecimento nos resultados deste estudo, acesse aqui a pesquisa na íntegra.
Referência:
Biswas, A., Tiong, M., Irvin, E., Zhai, G., Sinkins, M., Johnston, H., ... & Koehoorn, M. (2024). Gender and sex differences in occupation-specific infectious diseases: a systematic review. Occupational and Environmental Medicine, 81(8), 425-432.