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Gestantes vacinadas transferem anticorpos para seus bebês, sugere estudo Israelense

Gestantes vacinadas transferem anticorpos para seus bebês, sugere estudo Israelense
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jul. 21 - 6 min de leitura
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Pacientes grávidas com COVID-19 têm maior probabilidade de necessitar de cuidados intensivos e morrer em comparação com mulheres grávidas não infectadas. Embora as consequências da COVID-19 na gravidez tenham levado muitas organizações de saúde a apoiar a vacinação durante a gravidez, os efeitos da vacina para a mãe e o bebê permaneceram obscuros.

Em um estudo recente, Beharier e Mayo et al. exploraram as respostas maternas e neonatais à vacina de mRNA da Pfizer. Os autores examinaram amostras de sangue de mulheres e sangue do cordão umbilical de recém-nascidos após o parto. As amostras foram estratificadas em três grupos:

  1. quem recebeu a vacina,
  2. participantes não vacinadas com teste de SARS-CoV-2 positivo anterior e
  3. não vacinados sem infecção prévia.

Mães vacinadas e mães com infecção anterior geraram e transferiram anticorpos IgG protetores pela placenta.

Este estudo fornece evidências para apoiar a segurança e eficácia da vacinação COVID-19 na gravidez com proteção para o recém-nascido contra a infecção, delineando benefícios claros da vacina para a saúde materna e infantil.

A gravidez muda a função imunológica e endócrina

A gravidez é um estado de imunidade e função endócrina alteradas para permitir o sucesso da gestação. Essa mudança nos estados imunológico e endócrino durante a gravidez promove uma vulnerabilidade a complicações graves causadas por agentes infecciosos, incluindo a infecção pela síndrome respiratória aguda grave por coronavírus 2 (SARS-CoV-2). Especificamente, pacientes grávidas têm três vezes mais chances de serem admitidas em uma unidade de terapia intensiva, receber suporte ventilatório ou oxigenação por membrana extracorpórea e morrer, em comparação com mulheres grávidas não infectadas. Além disso, complicações obstétricas, em particular parto prematuro, também são mais prováveis de ocorrer se a mãe estiver infectada com SARS-CoV-2; assim, aumentando a possibilidade de problemas de saúde em longo prazo para a mãe e o recém-nascido. Levando isso em consideração diversas sociedades e organizações governamentais começaram a advogar pela administração dos imunizantes nas gestantes.

Transferência bem-sucedida da mãe para o feto

Houve vários achados notáveis que expandiram a compreensão da vacinação contra a COVID-19 na gravidez. Os dados mostraram um aumento robusto na resposta humoral IgG materna em pacientes não infectados após a vacinação. Essas imunoglobulinas foram prontamente transferidas para o feto através da placenta, levando a um título substancial de anticorpos anti-SARS-CoV-2 na corrente sanguínea neonatal em 14 dias após a primeira dose da vacina. Além disso, em mulheres em recuperação de infecção por SARS-CoV-2 contraída no segundo trimestre, os anticorpos maternos e do cordão umbilical anti-COVID-19 permaneceram elevados no momento do parto.

No geral, houve uma alta eficácia da vacinação para gerar anticorpos protetores em mães e subsequente transferência bem-sucedida para os fetos em comparação com a infecção natural. A IgG é a única classe de anticorpos que é transferida ativamente da mãe para o feto através da placenta por um transporte ativo, envolvendo o receptor Fc neonatal (FcRn), fornecendo proteção contra o SARS-CoV-2 ao recém-nascido durante os primeiros meses de vida. Nos 86 partos vacinados, não houve evidência de resposta IgM fetal a qualquer um dos antígenos induzidos pela vacina, indicando nenhuma evidência de exposição direta do feto aos antígenos derivados da vacina. 

Esse estudo vem elucidar diversas dúvidas que tínhamos sobre a vacinação das gestantes. Vemos que vacinar as gestantes além de conferir proteção à mãe, também protege os fetos. Sendo assim, a vacinação segue como o carro chefe no combate à pandemia.


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Referências

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Conteúdo elaborado por Diego Arthur Castro Cabral


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