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Identificando o Risco de Demência Antes dos Sintomas: O Papel das Proteínas Sanguíneas

Identificando o Risco de Demência Antes dos Sintomas: O Papel das Proteínas Sanguíneas
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fev. 14 - 3 min de leitura
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Uma recente descoberta no campo da neurociência promete revolucionar o diagnóstico precoce de doenças demenciais, como a doença de Alzheimer, antes mesmo do surgimento dos sintomas. Publicado na Nature Aging, um estudo de grande escala identificou biomarcadores no sangue que podem prever o risco de desenvolvimento de demência até 15 anos antes do diagnóstico clínico.

O estudo analisou cerca de 1.500 proteínas sanguíneas em amostras de mais de 50.000 adultos saudáveis do UK Biobank, dentre os quais 1.417 desenvolveram demência em um período de 14 anos. Os pesquisadores descobriram que níveis elevados de quatro proteínas — GFAP, NEFL, GDF15 e LTBP2 — estão fortemente associados à demência.

Este avanço é um passo significativo em direção ao desenvolvimento de testes sanguíneos capazes de detectar a doença de Alzheimer e outras formas de demência em um estágio muito precoce, antes da manifestação dos sintomas. Amanda Heslegrave, neurocientista da University College London, enfatiza a importância desses estudos para intervir com terapias modificadoras da doença no estágio mais inicial da demência.

Atualmente, mais de 55 milhões de pessoas vivem com demência em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. O diagnóstico costuma ocorrer apenas quando os indivíduos notam problemas de memória ou outros sintomas, momento em que a doença já pode estar avançada. Jian-Feng Feng, coautor do estudo e biólogo computacional na Fudan University em Xangai, China, destaca a dificuldade de reverter a doença uma vez diagnosticada.

O estudo não apenas identificou marcadores para diagnóstico precoce, mas também utilizou algoritmos de aprendizado de máquina para criar modelos preditivos. Esses modelos combinam os níveis das quatro biomarcadores proteicos com fatores demográficos, como idade, sexo, nível educacional e histórico familiar, e demonstraram cerca de 90% de precisão na predição da incidência de três subtipos de demência, incluindo a doença de Alzheimer, com mais de dez anos de antecedência ao diagnóstico oficial.

Embora os resultados sejam promissores, pesquisadores advertem que os novos biomarcadores necessitam de validação adicional antes de serem utilizados como ferramentas de triagem clínica. Heslegrave salienta a necessidade de replicação do estudo e a priorização de biomarcadores que não apenas rastreiem o risco da doença, mas também diferenciem entre as doenças.

Este avanço abre portas para o desenvolvimento de testes sanguíneos que identifiquem indivíduos em risco de desenvolver demência, permitindo intervenções precoces que possam retardar ou até prevenir a progressão da doença. O diagnóstico precoce é fundamental para enfrentar o crescente desafio da demência no mundo, oferecendo esperança para milhões de pessoas e suas famílias.


Para aprofundar o seu conhecimento nos resultados deste estudo, disponibilizamos aqui o link de acesso a pesquisa. 


Referência: 

Naddaf, M. (2024, February 12). Early dementia diagnosis: blood proteins reveal at-risk people. Nature. https://www.nature.com/articles/d41586-024-00418-9#ref-CR1


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