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Imigrantes e a Coluna Vertebral dos Hospitais Americanos

Imigrantes e a Coluna Vertebral dos Hospitais Americanos
Comunidade Academia Médica
jul. 12 - 3 min de leitura
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Mais de 1 em cada 4 médicos nos hospitais dos EUA são imigrantes. Este dado, do relatório publicado pelo KFF (Kaiser Family Foundation) em 17 de junho de 2025, dimensiona a relevância da mão de obra imigrante no sistema de saúde americano, e alerta para um futuro possivelmente disfuncional, caso barreiras imigratórias não sejam revistas.

No total, os imigrantes representam 16% da força de trabalho hospitalar americana, tanto nas funções clínicas quanto nas não clínicas. Quando analisamos especificamente os médicos e cirurgiões, a proporção sobe para 27%. Ou seja: mais de um quarto dos profissionais diretamente responsáveis pelo cuidado e tomada de decisão clínica no ambiente hospitalar são estrangeiros.

Nos cargos de apoio, a presença imigrante também é expressiva. Aproximadamente 29% dos profissionais de limpeza e manutenção dos hospitais são imigrantes, assim como 20% dos trabalhadores de alimentação e serviços, e 11% do corpo administrativo. Esses números revelam que a engrenagem hospitalar americana é sustentada, em boa medida, por quem veio de fora do país.

Entre os enfermeiros, 22% dos assistentes de enfermagem e 16% dos enfermeiros registrados (RNs) são imigrantes. A análise também mostra que cerca de um terço dos hospitais americanos já contratam enfermeiros com formação internacional para suprir as lacunas da força de trabalho. Em números absolutos, estima-se que 500 mil enfermeiros imigrantes atuem hoje em instituições de saúde nos EUA.

Com restrições recentes impostas a entrevistas de visto e viagens internacionais – algumas diretamente relacionadas às políticas da administração Trump – o pipeline de profissionais estrangeiros começa a falhar. Cerca de mil médicos internacionais aprovados em programas de residência americana em 2025 ainda não conseguiram seus vistos. Em alguns casos, os consulados continuam fechados ou exigindo revisões adicionais nas aplicações.

Esse quadro preocupa. Especialidades médicas já enfrentam escassez de profissionais, e as projeções apontam para uma piora até 2037. A diminuição na entrada de médicos imigrantes pode agravar esse cenário, comprometendo o acesso e a qualidade da assistência. Ao mesmo tempo, os custos com mão de obra tendem a subir, refletindo-se diretamente no bolso dos pacientes e dos pagadores.

A distribuição da força de trabalho imigrante também segue padrões regionais. Em estados como Califórnia, Flórida, Nova York e Texas, mais de 30% dos médicos hospitalares são imigrantes. Nessas regiões, o peso demográfico da população imigrante é historicamente maior, o que também se reflete nas contratações.

Os dados, deixam claro: restringir a imigração é mais do que uma política migratória, é uma política que pode fragilizar o sistema de saúde.


Referência: 

Hulver, S., Levinson, Z., & Pillai, D. (2025, June 17). What role do immigrants play in the hospital workforce? KFF. https://www.kff.org/racial-equity-and-health-policy/issue-brief/what-role-do-immigrants-play-in-the-hospital-workforce/


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