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Imunoterapia na COVID-19 - Tocilizumabe

Imunoterapia na COVID-19 - Tocilizumabe
Filipe P Batista
mai. 6 - 3 min de leitura
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Já havíamos falado do tratamento com a combinação de anticorpos monoclonais para o tratamento da COVID-19 aqui no site da Academia Médica.

Essa semana houve a finalização do braço mais aguardado do estudo RECOVERY, o uso de inibidores da interleucina 6, aqui no Brasil o único disponível é o Tocilizumabe.

O que é o Tocilizumabe?

Tocilizumabe é um anticorpo monoclonal humanizado com capacidade de bloqueio da interleucina 6, um dos principais produtos finais inflamatórios em articulações, músculos e pulmões. Ele é um dos produtos finais da cascata inflamatória da resposta Th2, induzida por linfócitos (CD19 e CD20) e monócitos (CD14). Ao usar essa medicação, estamos diminuindo a inflamação dessas regiões, levando a queda importante das provas inflamatórias (proteína C reativa - PCR) e consequentemente ausência de febre. 

Infelizmente no Brasil há críticas de todos os lados, principalmente entre os que usam para todos e os que não usam para ninguém, mas os estudos (RECOVERY e REMAP-CAP) apenas mostram o que todos sabemos: a dificuldade em se estabelecer qual o paciente teria critérios para se beneficiar do uso desse imunobiológico. Discutimos bastante sobre o uso dessa e de outros imunobiológicos na Troca de Plantão da Academia Médica no ClubHouse. 

Lembrando sempre, os riscos de uma medicação antiplasmocitária! Você aumenta risco de infecções bacterianas principalmente sete dias depois da infusão, com a incapacidade de apresentar febre e aumentar provas inflamatórias, mascarando uma infecção em atividade! 

Quais são os critérios de seleção para o Tocilizumabe?


Os critérios são simples:

  1. Proteína C reativa superior a 75mg/mL
  2. Presença de febre
  3. Procalcitonina baixa
  4. Até 20 dias de início dos sintomas
  5. Piora do quadro respiratório a despeito do uso do corticoide

Mecanismo de ação:

A cascata inflamatória é dependente da resposta Th2. O vírus estabelece um processo inflamatório intenso levando a um processo inflamatório principalmente a partir do sexto dia de doença, intensificando a febre, miosite e pneumonite viral. O vidro fosco fica mais intenso, dificultando a troca gasosa. Muitos se prendem na porcentagem (25, 50, 75% do pulmão acometido) porém o mais importante é a intensidade da inflamação (quanto mais branco fica na tomografia, pior é o processo inflamatório). Dessa forma, um indivíduo com 25% do pulmão BRANCO é bem mais grave que 50% do pulmão FOSCO.

A dose utilizada é de 8mg/kg, com dose máxima de 800mg em dose única. Alguns estudos falam em segunda dose, mas não foi a nossa experiência. As ampolas podem ser de 80, 160, 200 ou 400mg. O seu custo pode variar de R$ 3.800 a 9.500,00!

Conclusão e usabilidade prática

  • Conclusão1: Em pacientes hospitalizados com hipóxia e inflamação sistêmica, Tocilizumabe teve impacto em sintomas clínicos e diminuiu a mortalidade. Esse benefício ocorreu com o uso concomitante de corticoides. 
  • Conclusão 2: Se não fez em ninguém, más notícias! Mas se fez em todo mundo, as notícias são ainda piores!
  • Conclusão 3: Se usar, cole no paciente! Ele pode fazer infecção sem apresentar febre nem aumentar provas inflamatórias. Mais do que nunca ele precisará de você ao lado. 
  • Conclusão 4: Na menor dúvida de infecção, não faça a medicação. Mas ao prescrever siga a sua convicção: SUSPENDA antimicrobianos e mantenha o corticoide!

Aqui relatei a minha experiência. Escreva pra mim nos comentários abaixo ou entre em contato nas minhas redes sociais.


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