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Algoritmo de IA Mostra Como Cérebro Antecipa Recompensas e Regula a Motivação

Algoritmo de IA Mostra Como Cérebro Antecipa Recompensas e Regula a Motivação
Comunidade Academia Médica
jun. 7 - 3 min de leitura
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Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Genebra, da Universidade Harvard e da Universidade McGill revela que uma pequena região do cérebro humano – a área tegmental ventral é muito mais sofisticada do que se imaginava. O trabalho mostra que essa região além de participar do circuito de recompensa cerebral ao produzir dopamina, também é capaz de prever quando uma recompensa será recebida, com uma precisão temporal impressionante.

Historicamente, a área tegmental ventral era conhecida como a principal fonte de dopamina, um neuromodulador fundamental para o sistema de recompensa cerebral. Estudos nos anos 1990 mostraram que ela não codificava exatamente o momento da recompensa, mas sim a previsão dessa recompensa com base em pistas contextuais. Por exemplo, se um animal aprende que uma luz antecede uma recompensa alimentar, a liberação de dopamina pela área tegmental ventral passa a ocorrer no momento em que a luz aparece, e não mais quando a comida chega.

Esse tipo de aprendizado – conhecido como aprendizado por reforço (reinforcement learning) – é o mesmo que inspira algoritmos de inteligência artificial, como o AlphaGo, capaz de derrotar campeões humanos no jogo Go por meio de treinamento baseado em tentativa e erro.

A nova pesquisa avança ainda mais essa compreensão. O grupo desenvolveu um algoritmo matemático que modela não apenas a existência de uma recompensa futura, mas quando exatamente ela ocorrerá. Ao aplicar esse modelo a dados neurofisiológicos de animais obtidos pelos grupos de Harvard e McGill, os cientistas observaram uma correspondência exata entre a previsão algorítmica e a atividade neuronal registrada.

A grande novidade está na descoberta de que diferentes neurônios da área tegmental ventral estão sintonizados para prever recompensas em diferentes horizontes temporais: alguns operam com expectativas de segundos, outros de minutos, e outros ainda lidam com recompensas mais distantes. Essa diversidade neuronal permite ao cérebro codificar a evolução temporal das recompensas de maneira muito mais granular do que se pensava.

Implicações para a medicina, neurociência e inteligência artificial

Além de avançar o conhecimento sobre os mecanismos motivacionais humanos, essa descoberta tem profundas implicações para o desenvolvimento de terapias voltadas a distúrbios como depressão, dependência química e transtornos de motivação, nos quais o sistema de recompensa é alterado.

A metodologia do estudo também representa um marco no diálogo entre neurociência e inteligência artificial. Enquanto muitas vezes os modelos de IA se inspiram no funcionamento do cérebro, neste caso, a lógica se inverte: o algoritmo desenvolvido ajudou a desvendar um novo princípio funcional do cérebro, demonstrando o valor da simbiose entre essas duas disciplinas.

“Esses achados mostram que algoritmos computacionais se beneficiam da neurociência, e podem atuar como ferramentas para revelar mecanismos neurofisiológicos fundamentais”, reforça o pesquisador.

Com o apoio de tecnologias matemáticas e experimentação de ponta, esta pesquisa posiciona a área tegmental ventral como um verdadeiro orquestrador da motivação humana, capaz de prever não só o valor, mas o tempo exato de recompensas futuras.


Referência:

University of Geneva. (2025, June 5). Algorithm reveals how a small region in our brain plays a key role in motivation. Medical Xpress. https://medicalxpress.com/news/2025-06-algorithm-reveals-small-region-brain.html


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