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Manejo de Síndromes Neuropsiquiátricas em Doenças Neurodegenerativas

Manejo de Síndromes Neuropsiquiátricas em Doenças Neurodegenerativas
Comunidade Academia Médica
jul. 5 - 5 min de leitura
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Um estudo publicado em JAMA Neurology, explora os avanços no manejo farmacológico  de síndromes neuropsiquiátricas em transtornos neurodegenerativos. Este artigo destaca importantes descobertas e novas abordagens no tratamento dessas síndromes, que afetam uma ampla gama de condições neurodegenerativas, incluindo Doença de Alzheimer (DA), Doença de Parkinson (DP), demência com corpos de Lewy (DCL), demência frontotemporal (DFT), entre outras.

🟦 A tabela apresenta as principais síndromes neuropsiquiátricas que ocorrem em transtornos neurodegenerativos:

Fonte: Cummings J, Lanctot K, Grossberg G, Ballard C., 2024

As síndromes neuropsiquiátricas são comuns em todos os transtornos neurodegenerativos e muitas vezes são incluídas nos critérios diagnósticos dessas doenças. No caso da DA, quase todos os pacientes em estágio de demência manifestam pelo menos uma dessas síndromes, com algumas apresentando múltiplas síndromes simultaneamente ou sequencialmente.  Essas síndromes estão associadas  a uma aceleração do declínio cognitivo, maior comprometimento funcional, pior qualidade de vida e maior sofrimento dos cuidadores.

🟦 A tabela abaixo descreve os critérios diagnósticos para as síndromes neuropsiquiátricas que ocorrem em transtornos neurodegenerativos:

Fonte: Cummings J, Lanctot K, Grossberg G, Ballard C., 2024

Intervenções Psicossociais

O estudo destaca que  intervenções psicossociais não farmacológicas  têm efeitos significativos na redução das síndromes neuropsiquiátricas em pacientes com transtornos neurodegenerativos. Essas intervenções incluem modificações ambientais, programas de atividade e exercício, música, toque terapêutico (massagem e acupressão), intervenções assistidas por animais e atividades combinadas (música, arte e exercício). Reforçam ainda a presença de estudos preliminares, os quais indicam que mudanças em biomarcadores e dispositivos digitais associados a essas intervenções podem fornecer evidências objetivas para orientar esses programas terapêuticos.

💊Intervenções Farmacológicas

As intervenções farmacológicas são reservadas para casos em que os sintomas não respondem às intervenções psicossociais, apresentam risco de autolesão ou danos a terceiros, ou podem permitir que o paciente permaneça em casa por mais tempo se os sintomas forem amenizados. O desenvolvimento de medicamentos para tratar as síndromes neuropsiquiátricas em transtornos neurodegenerativos é desafiador, com muitos ensaios não conseguindo demonstrar diferença significativa entre o medicamento e o placebo. No entanto, houve progresso, com vários agentes sendo aprovados pela FDA para uso específico em pacientes com essas condições.

🚩Psicose

A psicose em transtornos neurodegenerativos, caracterizada por delírios e alucinações, é uma síndrome comum, especialmente na DA em estágios moderados e graves. Pimavanserina é o único antipsicótico aprovado para tratar psicose em transtornos neurodegenerativos, especificamente em DP com ou sem demência. A eficácia de outros antipsicóticos atípicos, como quetiapina e clozapina, também foi investigada, embora com resultados variados e preocupações com efeitos adversos.

🚩Agitação

A agitação é uma das síndromes neuropsiquiátricas mais comuns e problemáticas nos transtornos neurodegenerativos, frequentemente levando à hospitalização e admissão precoce em instituições de cuidados de longa duração. Brexpiprazol recentemente recebeu aprovação da FDA para tratamento de agitação associada à demência da DA, baseado em estudos que demonstraram redução significativa na agitação comparado ao placebo.

🚩Depressão

A depressão é prevalente em transtornos neurodegenerativos, com aproximadamente 40% dos pacientes com demência da DA apresentando depressão em algum momento da doença. A detecção e o tratamento eficazes são desafiadores devido à sobreposição de sintomas com demência. Embora não haja medicamentos aprovados pela FDA especificamente para depressão em transtornos neurodegenerativos, os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (SSRIs) e outros antidepressivos são frequentemente utilizados com base em evidências de eficácia em depressão idiopática.

🚩Apatia

A apatia, caracterizada por falta de motivação e interesse, é comum e está associada a piores resultados em transtornos neurodegenerativos. Intervenções psicossociais, como música e atividade física, mostraram resultados consistentes na redução da apatia. Estudos clínicos também indicaram resultados positivos com metilfenidato para tratar apatia em demência da DA.

🚩Desinibição

A desinibição, caracterizada por comportamentos socialmente inadequados, é frequentemente observada na DFT e outros transtornos neurodegenerativos. Não há tratamentos aprovados especificamente para desinibição, mas SSRIs, antipsicóticos atípicos e estabilizadores de humor são usados com base em observações clínicas.

🟦 A tabela a seguir, expõe os tratamentos comumente utilizados para as síndromes neuropsiquiátricas em transtornos neurodegenerativos:

Fonte: Cummings J, Lanctot K, Grossberg G, Ballard C., 2024

Os avanços na farmacoterapia das síndromes neuropsiquiátricas em transtornos neurodegenerativos são promissores, com novos medicamentos sendo aprovados e estratégias de pesquisa aprimoradas. No entanto, há lacunas críticas e controvérsias no campo, incluindo advertências de caixa preta associadas a alguns medicamentos e a necessidade de melhorias na segurança e eficácia dos tratamentos.

A precisão crescente no diagnóstico de transtornos neurodegenerativos e síndromes neuropsiquiátricas, aliada ao progresso na neurofarmacologia translacional, promete um futuro mais brilhante para o manejo dessas condições complexas.




Referência:

Cummings J, Lanctot K, Grossberg G, Ballard C. Progress in Pharmacologic Management of Neuropsychiatric Syndromes in Neurodegenerative Disorders: A Review. JAMA Neurol. 2024;81(6):645–653. doi:10.1001/jamaneurol.2024.0586


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