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Mapeamento de Interações Médico-Enfermeiro em Cuidados Oncológicos

Mapeamento de Interações Médico-Enfermeiro em Cuidados Oncológicos
Comunidade Academia Médica
out. 8 - 4 min de leitura
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No ambiente de cuidado oncológico em hospitais, a comunicação eficaz entre médicos e enfermeiros é fundamental para garantir a segurança e a qualidade do tratamento dos pacientes. Uma pesquisa  publicada no BMJ Open, abordou essa questão por meio da análise de rede ordenada (ONA) aplicada a interações gravadas em vídeo entre médicos e enfermeiros durante rondas de cuidados ao paciente. Este estudo oferece insights sobre os padrões de comunicação que promovem ou impedem o entendimento mútuo e a coordenação eficaz do cuidado.

A pesquisa identificou que a comunicação precária entre médicos e enfermeiros contribui significativamente para erros médicos e eventos adversos. Para abordar essas falhas críticas, o estudo utilizou teorias de acomodação de comunicação e atos de fala para analisar as interações. Essas teorias ajudam a compreender como os profissionais de saúde ajustam seus estilos comunicativos e a importância do entendimento compartilhado, que vai além da simples troca de informações, envolvendo a criação de um entendimento comum que orienta ações efetivas.

Utilizando a metodologia ONA, os pesquisadores analisaram padrões de comunicação em 33 interações únicas entre duplas de médicos e enfermeiros. Os resultados mostraram que as duplas que alcançaram um entendimento compartilhado frequentemente engajaram-se mais em modos de comunicação como edificação (fornecimento de informações atualizadas sobre o progresso do paciente) e revelação (percepções dos médicos sobre as informações). Esse sequenciamento de edificação seguido por revelação foi crucial para a construção de uma base comum de conhecimento e entendimento mútuo.

No entanto, foi observado que a sequência de edificação e revelação não era suficiente por si só. Interações que também incluíam altos níveis de questionamento e reconhecimento eram mais propensas a atingir um entendimento compartilhado. Reflexão e interpretação, embora menos frequentes, mostraram-se importantes para facilitar a compreensão mútua ao permitir que os profissionais verbalizassem seu raciocínio e reconciliassem perspectivas distintas.

🟦 A figura mostra as interações entre médicos e enfermeiros apresentando a Análise de Rede Ordenada (ONA) que resume todas as 33 interações. Nesta visualização, os círculos roxos representam os modelos de interação médico-enfermeiro, enquanto os nós pretos indicam os códigos utilizados; círculos coloridos dentro de um nó denotam autoconexões. Os nós maiores indicam uma maior frequência de uso do código em resposta a outros nós, e as conexões direcionadas são exibidas em forma de triângulos, com os mais espessos e saturados representando conexões mais fortes. As setas nos triângulos mostram a direção das conexões.

Fonte: Popov, V., Tan, Y., & Manojlovich, M. (2024)

Os pesquisadores sugerem que intervenções focadas em treinamento de comunicação poderiam beneficiar significativamente as equipes de saúde, especialmente em ambientes de alta pressão como a oncologia, onde as decisões de tratamento exigem precisão e coordenação meticulosa.

Este estudo destaca a aplicabilidade de metodologias avançadas como a ONA para desvendar as dinâmicas de comunicação em equipes de saúde. Futuras pesquisas poderiam expandir esse framework para outros contextos de cuidados de saúde, integrando análises de rede com outras formas de dados como movimentos corporais e expressões faciais, potencializando ainda mais a compreensão e melhoria da comunicação interprofissional.

Esta pesquisa sugere caminhos claros para intervenções baseadas em evidências que podem melhorar significativamente a comunicação entre médicos e enfermeiros, com o objetivo final de otimizar a segurança do paciente e os resultados do tratamento.


Referência:

Popov, V., Tan, Y., & Manojlovich, M. (2024). Applying ordered network analysis to video-recorded physician–nurse interactions to examine communication patterns associated with shared understanding in inpatient oncology care settings. BMJ open, 14(6), e084653.


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