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Médico do futuro X Médico do presente

Médico do futuro X Médico do presente

Desvendando o profissional do futuro

Estamos caminhando para um tempo de grandes mudanças na medicina, em que avançadas tecnologias e inteligência artificial vêm dando corpo à grande revolução que promete um horizonte extraordinário para a medicina do futuro. Em breve teremos a 4ª revolução industrial, e fica claro que a grande diferença entre homens e máquinas é o ser humano. 

Na era digital, não faz mais sentido decorar nomes, fórmulas, ou ter grandes conhecimentos teóricos, uma vez que as respostas já estarão prontas na internet.

A 1ª revolução industrial, iniciada no fim do século 18, na Inglaterra, trouxe as máquinas movidas a água e vapor. A 2ª revolução veio do emprego da energia elétrica na produção em massa de bens e consumo. A 3ª revolução industrial se apresentou com o incremento do uso da informática.

Nesse momento de grandes avanços tecnológicos, nos surge a ressonância magnética nos mostrando ricos detalhes do interior do ser humano, das suas funções, nos dando mais clareza do funcionamento do cérebro, principalmente frente às emoções e como podemos assumir o controle do nosso cérebro implementando mudanças, com ênfase no desenvolvimento da inteligência emocional.

Estamos compreendendo cada vez mais o cérebro e a inteligência, mas cada vez menos estamos evoluindo a nossa consciência, a capacidade de sentir. Está sendo criada a inteligência artificial, mas não há indícios de que conseguirão desenvolver uma consciência artificial. As máquinas não têm o poder de sentir.

Ao longo dos últimos 10 anos, a medicina vem apresentando um crescimento exponencial, sobretudo nas questões que envolvem o diagnóstico e tratamento de algumas enfermidades. Entretanto, estamos vivendo um momento de grande vazio e um declínio da relação médico-paciente.

No contexto atual, vivemos num mundo sem fronteiras, em que a tecnologia evolui em alta velocidade, nos impondo adaptações constantes e neste percurso surge a importância de desenvolvermos habilidades socioemocionais, comportamentais e humanas. Habilidades não substituíveis por máquinas, sendo assim, um grande diferencial competitivo.

Muitos estudos têm sido realizados para elencar quais habilidades deverão ser desenvolvidas pelos profissionais do futuro, em todas as áreas.

O professor Murilo Gun, humorista, palestrante e professor de criatividade, refere que as inteligências mais valorizadas ainda hoje, definidas pelo teste de QI – lógico matemática, espacial e linguística - são exatamente as inteligências nas quais a máquina está se tornando cada vez melhor, mais ágil e mais resolutiva. Por outro lado, o profissional do futuro deverá desenvolver as habilidades exclusivamente humanas para se destacar frente aos demais.

Segundo Tônia Casarim, administradora, coach, vencedora do prêmio Singularity University; a grande chave para nos adaptarmos ao mundo do futuro é o desenvolvimento de competências e habilidades humanas, que nos diferenciam das máquinas e nos ajudaram nessa grande turbulência da adaptação tecnológica, a qual trará grandes impactos na nossa vida pessoal, nas relações sociais e no trabalho.  

O profissional do futuro deverá dar prioridade ao autoconhecimento, como ponto fundamental para entender o que é importante para ele, o que faz sentido. Ter pensamento crítico, criativo e flexível, ter consciência da necessidade de mudanças. Olhar para dentro de nós, nos conhecendo melhor e desenvolvendo competências e habilidades para atingirmos mais satisfação e excelentes resultados nas vidas pessoal e profissional.

A partir do autoconhecimento, o estudante de medicina, o jovem médico, terá melhor entendimento de que nesta jornada de grandes mudanças tecnológicas, podemos refazer nossas escolhas, que podemos utilizar os conhecimentos da medicina em outras áreas.

É fato que o ensino nas faculdades de medicina deverá sofrer grandes mudanças ao longo dos próximos anos, trabalhando o desenvolvimento das competências e habilidades que irão formar este médico do futuro.

Algumas habilidades exclusivamente humanas devem ser desenvolvidas pelos profissionais que desejam se destacar, como:

-  Inteligência interpessoal – capacidade de se relacionar com as pessoas e capacidade de liderança, capacidade de trabalho em equipe, capacidade de decisão;

- Inteligência intrapessoal – capacidade de se conectar consigo mesmo, alcançando seu autoconhecimento, seu autocontrole e autorresponsabilidade

- Inteligência Emocional – capacidade de controlar as emoções, empatia, automotivação, desenvolver emoções positivas e fortalecedoras;

- Inteligência Criativa – habilidade de transformar qualquer uma das inteligências e aplicar de forma inovadora, encontrar soluções inovadoras para os problemas.

- Inteligência interartificial – capacidade de entender as potencialidades da inteligência artificial e da robótica e flexibilidade cognitiva.

Um dos grandes desafios no contexto da educação médica é buscar sermos mais reflexivos, mais críticos e entendermos a importância de atuar num modelo focado no paciente, no ser humano, e não na doença.

Na faculdade não foi dada a importância de fazer uma boa escuta do paciente, entender sua expressão corporal, que muitas das vezes “fala” mais do que a expressão verbal.

Precisamos entender que muito mais do que exames caros, exames complementares diversos, precisamos apostar mais na escuta e desenvolver o rapport para nos conectarmos melhor com o paciente.

Assim, convido vocês, estudantes, médicos já graduados e docentes a começarem agora a desenvolver e colocar em prática estas habilidades humanas, para que o médico do presente esteja mais atento não somente com a saúde dos pacientes, mas sobretudo com a sua própria saúde. Aprender a cuidar de si para cuidar dos outros.  Cuidar mais do seu corpo físico, da sua alimentação e indispensavelmente aprender a cuidar das suas emoções.

Muitas das habilidades que serão fundamentais para o profissional do futuro já são necessárias para o profissional do presente.

Agora, pergunto a vocês: O que vocês podem fazer hoje que irá aproximá-los do “profissional do futuro”?


Edna Cesar Mattos

Médica, Empreendedora, Coach de Bem Estar e Performance Médica