Academia Médica
Academia Médica
Você procura por
  • em Publicações
  • em Grupos
  • em Usuários
loading
VOLTAR

Como os Pacientes Percebem os Médicos que Utilizam IA?

Como os Pacientes Percebem os Médicos que Utilizam IA?
Comunidade Academia Médica
jul. 20 - 3 min de leitura
000

Como o Uso da Inteligência Artificial pelos Médicos Impacta a Percepção do Público?

A inteligência artificial já é uma realidade na medicina, com aplicações crescentes em diagnósticos, tratamentos e tarefas administrativas. No entanto, como os pacientes percebem os médicos que utilizam essa tecnologia? Uma pesquisa recente publicada no JAMA Network Open (julho de 2025) revela que o uso da IA, mesmo em atividades não clínicas, pode impactar negativamente a forma como a população avalia médicos em relação à competência, confiança, empatia e disposição para agendar uma consulta.

O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade de Wuerzburg, na Alemanha, e envolveu 1276 adultos dos Estados Unidos, recrutados via a plataforma Prolific. Os participantes foram expostos a anúncios fictícios de médicos de família, semelhantes aos que podem ser encontrados em redes sociais ou outdoors.

Esses anúncios foram divididos em quatro versões:

  1. Controle (sem menção à IA)

  2. IA para tarefas administrativas

  3. IA para diagnósticos

  4. IA para tratamento terapêutico

Após visualizar o anúncio, os participantes avaliaram os médicos fictícios em quatro dimensões, utilizando uma escala de 5 pontos:

  • Competência

  • Confiabilidade

  • Empatia

  • Disposição para marcar consulta

Os dados revelaram que qualquer menção ao uso de IA, seja para tarefas administrativas, diagnósticas ou terapêuticas, resultou em piora significativa na percepção do público, em comparação com o grupo controle:

  • Competência percebida: Redução em todos os grupos com IA (ex: de 3,85 no controle para 3,58 no grupo de IA terapêutica).

  • Confiabilidade percebida: Menor em todos os cenários com IA (ex: de 3,88 no controle para 3,61 no grupo terapêutico).

  • Empatia percebida: Também foi negativamente afetada (controle: 4,00; IA terapêutica: 3,72).

  • Disposição para consulta: O interesse em marcar uma consulta com médicos que utilizam IA foi consideravelmente menor (controle: 3,61; IA diagnóstica: 3,16; IA terapêutica: 3,15).

Interpretação e Implicações

Apesar das diferenças estatisticamente significativas serem relativamente pequenas, os autores destacam que elas são clinicamente relevantes, especialmente por envolverem fatores subjetivos cruciais para a adesão ao tratamento e a construção da relação médico-paciente.

As hipóteses para essa desconfiança incluem:

  • Medo de perda da autonomia médica e excessiva dependência da tecnologia;

  • Preocupações com a privacidade de dados pessoais;

  • Receio de redução na atenção personalizada e nas interações humanas;

  • Desconhecimento sobre os benefícios reais da IA para o paciente.

Por isso, os autores sugerem que os profissionais de saúde e instituições devem comunicar com clareza o propósito e os benefícios do uso da IA, reforçando que a tecnologia serve como ferramenta de apoio e não como substituta da decisão clínica humana.

Entre as limitações apontadas pelos pesquisadores estão:

  • O uso de cenários hipotéticos e anúncios fictícios, o que pode não representar fielmente a realidade clínica.

  • Um público predisposto a participar de estudos online, o que pode limitar a generalização dos resultados.

Como próximos passos, os pesquisadores propõem investigar:

  • Como experiências anteriores dos pacientes com tecnologia impactam essa percepção;

  • Diferenças geracionais, educacionais e culturais na aceitação da IA;

  • Estratégias de comunicação que podem reverter ou mitigar o viés negativo observado.


Referência:

Reis M, Reis F, Kunde W. Public Perception of Physicians Who Use Artificial Intelligence. JAMA Netw Open. 2025;8(7):e2521643. doi:10.1001/jamanetworkopen.2025.21643


Denunciar publicação
    000

    Indicados para você