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Mudanças Climáticas e Partos Prematuros

Mudanças Climáticas e Partos Prematuros
Comunidade Academia Médica
ago. 25 - 3 min de leitura
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À medida que as ondas de calor se tornam mais frequentes e intensas devido às mudanças climáticas, crescem também as preocupações com a saúde materno-infantil.

A pesquisa intitulada, "Preterm and Early-Term Delivery After Heat Waves in 50 US Metropolitan Areas", oferece uma visão abrangente sobre os impactos das ondas de calor na saúde materno-infantil, focando especificamente nos partos prematuros e a termo precoce nos Estados Unidos. Este estudo é significativo devido ao seu amplo escopo, por analisar dados de nascimentos coletados ao longo de 25 anos em 50 das maiores áreas metropolitanas dos EUA, que correspondem a mais de metade dos nascimentos no país.

Principais Descobertas

Aumento de Partos Prematuros e a Termo Precoce: O estudo identificou um pequeno, porém consistente, aumento nas taxas de partos prematuros (menos de 37 semanas de gestação) e a termo precoce (37-38 semanas) associado à exposição a ondas de calor prolongadas. Este resultado é particularmente relevante dado que ambos os tipos de nascimento estão associados a maiores riscos de mortalidade infantil e morbidades de longo prazo, como problemas respiratórios, cognitivos e comportamentais.

Impacto das Características das Ondas de Calor: O aumento nas taxas desses partos foi mais acentuado durante ondas de calor de maior duração e temperaturas mais elevadas. Isso sugere que a intensidade e a extensão da exposição ao calor extremo podem desempenhar um papel crítico na saúde materna e infantil.

Vulnerabilidade em Subgrupos Populacionais: O estudo também revelou que subgrupos populacionais de baixo status socioeconômico, assim como mães com 35 anos ou mais, mostraram uma associação mais forte com partos prematuros após ondas de calor. Esses dados indicam desigualdades significativas em como os efeitos das ondas de calor são distribuídos, destacando a necessidade de políticas públicas mais direcionadas para proteger esses grupos mais vulneráveis.

Embora o estudo não investigue diretamente os mecanismos fisiológicos, algumas vias biológicas plausíveis são sugeridas:

  • Estresse térmico e desidratação: Podem reduzir o fluxo sanguíneo uterino e placentário, afetando a contratilidade uterina e os níveis hormonais que induzem o trabalho de parto.
  • Estresse oxidativo e proteínas de choque térmico: Podem desencadear uma cascata inflamatória que influencia a indução do trabalho de parto.
  • Ruptura prematura de membranas: O calor extremo pode também precipitar essa condição, levando ao trabalho de parto.

Os resultados enfatizam a necessidade de estratégias adaptativas para mitigar o impacto das ondas de calor na saúde reprodutiva, especialmente à medida que tais eventos se tornam mais frequentes e intensos devido às mudanças climáticas. Além disso, sublinha a importância de intervenções preventivas e educacionais para grupos de maior risco, garantindo que as gestantes tenham acesso a ambientes refrigerados e cuidados de saúde adequados durante períodos de calor extremo.

Este estudo contribui para a compreensão científica das interações entre saúde reprodutiva e clima, fornecendo evidências para o desenvolvimento de políticas públicas focadas na saúde materno-infantil em contextos de mudança climática.


Referência: 

Darrow LA, Huang M, Warren JL, et al. Preterm and Early-Term Delivery After Heat Waves in 50 US Metropolitan Areas. JAMA Netw Open. 2024;7(5):e2412055. doi:10.1001/jamanetworkopen.2024.12055


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