Mulheres que contraíram a COVID-19 durante a gravidez foram capazes de passar os anticorpos adquiridos para os fetos, conferindo aos bebês proteção contra a doença. É o que mostra um estudo clínico conduzido no Hospital Pennsylvania, na Filadélfia (EUA), em que foram avaliadas 1.714 grávidas entre abril e agosto de 2020, com idade média de 32 anos. No momento do parto, dados de soro do cordão umbilical estavam disponíveis em 1.471 mulheres/recém-nascidos.
Os resultados mostraram que:
- 83 mulheres (6%) eram soropositivas para SARS-CoV-2 (IgG e/ou IgM).
- Entre os bebês nascidos de mulheres soropositivas:
- 72 (87%) eram soropositivos.
- 11 (13%) foram soronegativos.
- Os anticorpos não foram detectados em nenhuma criança nascida de mãe soronegativa.
- 50 mulheres (60%) eram assintomáticas para COVID-19.
Proteção ao nascer...
Neste estudo, os anticorpos IgG maternos para o SARS-CoV-2 foram transferidos por meio da placenta após infecção assintomática ou sintomática durante a gravidez.
As concentrações de anticorpos no sangue do cordão estão relacionadas com as concentrações de anticorpos maternos e com o tempo entre o início da infecção e o parto.
Além disso, os pesquisadores apontaram que o fato de haver uma transmissão menor do IgM (que aparece, em geral, quando a pessoa ainda está doente), indica uma menor chance de a mãe passar a doença ao feto. O estudo também traz pistas para possíveis encaminhamentos de grávidas para a vacinação e de cuidados no pós-natal.
No entanto, os resultados ainda não permitem concluir se esses anticorpos presentes nos bebês serão suficientes para protegê-los. Ou seja, mais estudos serão necessários.
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Referências
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