É evidente que fumar faz mal para a saúde. Pesquisas mostram que mesmo os cigarros eletrônicos podem conter toxinas e causar problemas semelhantes aos que o fumo de tabaco provoca nas vias respiratórias.
No entanto, um estudo feito no Texas (EUA) aponta que a nicotina, se administrada da forma correta, pode proteger o cérebro e servir como prevenção para as doenças de Parkinson e Alzheimer, sem alterar o comportamento dos pacientes. A pesquisa mais recente, publicada no Jornal Open Access de Toxicologia, revelou que a capacidade de proteção neurológica da substância pode estar ligada a conhecida habilidade que ela tem para suprimir o apetite. A droga teria o efeito anorexígeno sem provocar reações psicológicas [1].
Em testes anteriores, já havia sido demonstrado que a nicotina seria capaz de aliviar receptores do cérebro que poderiam reduzir a degeneração dos neurônios causada por essas doenças. Segundo os estudos, a substância tem efeitos tóxicos e apresenta alto risco de vício, mas também tem um pequeno efeito de melhora do aprendizado, memória e atenção, que pode ajudar os pacientes que sofrem de demência a manter uma vida independente.
Como a nicotina atua no cérebro?
As células nervosas liberaram uma espécie de mensageiro químico chamado neurotransmissor. Cada neurotransmissor é como uma chave que se encaixa em uma fechadura chamada receptor e que está localizado na superfície das células nervosas. Quando um neurotransmissor encontra o seu receptor, ele ativa a célula nervosa que contém esse receptor, desencadeando uma resposta.
A molécula de nicotina imita o papel de um neurotransmissor chamado acetilcolina. A acetilcolina e seus receptores estão envolvidos em muitas funções, incluindo o movimento muscular, respiração, frequência cardíaca, aprendizado e memória. Age também na liberação de hormônios que afetam o estado de ânimo e apetite.
Assim, quando a nicotina atinge o cérebro, ela se junta aos receptores de acetilcolina e imita suas ações, como também ativa áreas do cérebro envolvidas na produção de sensações de prazer e gratificação, aumentando os níveis do neurotransmissor dopamina nas partes do cérebro que produzem essas sensações de prazer e gratificação.
Adesivos de nicotina podem turbinar o cérebro?
Os adesivos de nicotina são utilizados como recurso na chamada Terapia de Reposição de Nicotina (TRN), pois fornecem ao paciente que está deixando o hábito de fumar cigarro, pequenas doses da substância que causa o vício (nicotina). O objetivo é reduzir a crise de abstinência, retirar a nicotina aos poucos do organismo e auxiliar no processo de abandono do cigarro [1].
Alguns estudos mostram que adesivos de nicotina podem ser promissores para melhorar a memória e atenção de pacientes com a Doença de Alzheimer. Já se tem evidências também que esses adesivos podem promover a melhora do desempenho cognitivo de idosos com problemas de memória, mas sem demência. Além da memória, a nicotina incrementa a atenção e a velocidade psicomotora. Entre jovens, já foi demonstrado que a nicotina pode incrementar de forma muito discreta a memória e a atenção `[4].
A nicotina estimula receptores nicotínicos do neurotransmissor acetilcolina no cérebro. Esses mesmos receptores são cada vez mais deficientes à medida que a Doença de Alzheimer progride. Também modula outros sistemas de neurotransmissores. Se estivermos sonolentos, a nicotina acorda. Se estivermos ansiosos, a nicotina relaxa [2].
Referências Bibliográficas:
[1] Cigarro é ruim, mas nicotina pode ser boa para o cérebro, diz estudo. https://www.uol.com.br/tilt/ultimas-noticias/redacao/2016/10/05/cigarro-e-ruim-mas-nicotina-pode-ser-boa-para-o-cerebro-diz-estudo.htm
[2] Pode a nicotina ser boa para você? https://emais.estadao.com.br/noticias/bem-estar,pode-a-nicotina-ser-boa-para-voce,10000021855
[3] Como atua a nicotina no cérebro? http://cienciasecognicao.org/neuroteen/?p=155
[4] Adesivos de nicotina podem turbinar o cérebro? https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/revista/2014/03/17/interna_revista_correio,417830/adesivos-de-nicotina-podem-turbinar-o-cerebro.shtml