Uma pesquisa realizada pela Universidade de Cambridge, em colaboração com a Universidade de Oxford, revelou que problemas relacionados aos níveis de ferro no sangue, decorrentes de infecção por SARS-CoV-2, podem ser um gatilho crucial para o desenvolvimento de COVID longo. Este estudo fornece insights sobre possíveis caminhos para a prevenção e tratamento desta condição persistente, lançando luz sobre os mecanismos subjacentes que também poderiam explicar sintomas semelhantes em várias condições pós-virais e inflamatórias crônicas.
Detalhes da Pesquisa:
No âmbito do COVID-19 cohort do National Institute for Health and Care Research (NIHR) BioResource, pesquisadores da Cambridge Institute of Therapeutic Immunology and Infectious Disease (CITIID) e da Oxford University analisaram amostras de sangue de 214 indivíduos ao longo de um ano. Cerca de 45% dos participantes relataram sintomas de COVID longo entre três a dez meses após a infecção. A pesquisa, publicada na Nature Immunology, destaca como a inflamação contínua e os baixos níveis de ferro no sangue, contribuindo para anemia e perturbando a produção saudável de células vermelhas do sangue, foram identificados precocemente como sinais de alerta para aqueles que posteriormente relataram sofrer de COVID longo.
Principais Descobertas:
- Desregulação do Ferro: O estudo descobriu que a desregulação do ferro era detectável independentemente da idade, sexo ou gravidade inicial da COVID-19, apontando para um impacto potencial na recuperação, mesmo em casos de baixo risco ou sem hospitalização.
- Inflamação e Anemia: A inflamação contínua e os problemas na regulação do ferro foram notados logo nas primeiras duas semanas após a infecção por COVID-19, dificultando a recuperação dos níveis de ferro, especialmente naqueles que desenvolveram COVID longo.
- Associação com COVID Longo: Mesmo após a recuperação dos níveis de ferro, os sintomas do COVID longo tendem a persistir, sugerindo que a velocidade de normalização da inflamação, dos níveis de ferro e da regulação tem uma forte associação com o desenvolvimento do COVID longo.
Implicações Clínicas:
A descoberta abre caminhos potenciais para prevenção e redução do impacto do COVID longo, destacando a importância de controlar a inflamação extrema precocemente e considerar a suplementação de ferro de maneira cuidadosa, tendo em vista a necessidade de remobilizar o ferro para o local correto no organismo.
Este estudo não apenas proporciona uma compreensão mais profunda dos mecanismos subjacentes ao COVID longo, mas também sugere abordagens terapêuticas potenciais baseadas na regulação do ferro e no controle da inflamação. As implicações dessas descobertas transcendem o contexto da COVID-19, oferecendo insights sobre o tratamento de outras condições pós-virais e inflamatórias crônicas, marcando um passo significativo na busca por soluções eficazes contra os impactos duradouros desta pandemia global.
Referência:
MedicalXpress. (2024, March 4). Low iron levels resulting from infection could be key trigger of long COVID. https://medicalxpress.com/news/2024-03-iron-resulting-infection-key-trigger.html