Uma pesquisa realizada na Universidade de Linköping, Suécia, publicada na revista Science Advances, promete avanços significativos no tratamento da dor crônica. A pesquisa, foca em um canal de cálcio específico, o CaV2.2, que desempenha um papel crucial na modulação dos sinais de dor transmitidos pelo sistema nervoso.
A transmissão da dor e outras informações sensoriais ocorre principalmente através de sinais elétricos no sistema nervoso. Quando esses sinais elétricos chegam ao fim de uma célula nervosa, são convertidos em sinais bioquímicos através do influxo de cálcio, que por sua vez desencadeia a liberação de neurotransmissores. Esses neurotransmissores são então captados pela próxima célula nervosa, que converte o sinal de volta em eletricidade. É nesse intricado processo que os canais de cálcio sensíveis à voltagem, como o CaV2.2, desempenham seu papel, permitindo a entrada de cálcio na célula nervosa em resposta a sinais elétricos.
A pesquisa destaca que os canais CaV2.2 estão particularmente ativos durante condições de dor crônica e estão localizados nas terminações das células nervosas sensoriais. Medicamentos que diminuem a atividade desses canais podem reduzir a comunicação dos sinais de dor para o cérebro. No entanto, as soluções existentes, como os opioides, que são altamente eficazes, apresentam desvantagens, incluindo dependência e efeitos colaterais severos. Além disso, medicamentos que bloqueiam completamente o CaV2.2 podem causar efeitos colaterais tão graves que precisam ser administrados diretamente no líquido espinhal.
Os pesquisadores descobriram uma maneira mais refinada de regular a atividade do CaV2.2 ao estudar como os opioides diminuem essa atividade. Eles observaram que os opioides liberam moléculas chamadas proteínas G, que se ligam aos canais de cálcio e os tornam mais "relutantes" em abrir sem um sinal elétrico mais forte. Especificamente, os cientistas descreveram como as proteínas G afetam os sensores de voltagem dentro do canal, necessitando de um impulso elétrico maior para que o canal se abra e permita a passagem de cálcio.
Com essa compreensão, novas drogas poderiam ser desenvolvidas para modular seletivamente a atividade dos canais CaV2.2, proporcionando alívio da dor de maneira semelhante aos opioides, mas sem seus efeitos colaterais devastadores. Ao invés de bloquear completamente o canal, o que é uma abordagem menos específica, futuros medicamentos poderiam ajustar finamente a atividade do canal de cálcio na sinalização de dor.
Este estudo representa um passo em direção ao desenvolvimento de tratamentos mais eficazes e seguros para a dor crônica, abordando a necessidade urgente de alternativas aos métodos convencionais que podem oferecer alívio sem os riscos associados aos tratamentos atuais. A pesquisa abre caminho para novas terapias farmacológicas, e aumenta nossa compreensão da biologia fundamental da dor.
Referência:
Linköping University. "A new discovery about pain signaling may contribute to better treatment of chronic pain." ScienceDaily. ScienceDaily, 18 November 2024. <www.sciencedaily.com/releases/2024/11/241118130050.htm>.