Pesquisadores da Universidade de Yale, liderados por Ilker Yildirim, professor assistente de psicologia, e John Lafferty, professor de estatísticas e ciência de dados, publicaram um estudo no periódico Nature Human Behavior que oferece novas perspectivas sobre o processo seletivo de formação de memórias no cérebro humano.
Segundo o estudo, nosso cérebro está constantemente exposto a um volume de informações sensoriais, mas apenas uma pequena parte dessas experiências é convertida em memórias duradouras. A pesquisa sugere que a memória humana favorece experiências que o cérebro não consegue explicar ou compreender de imediato. "A mente prioriza lembrar de coisas que ela não consegue explicar muito bem", explica Yildirim.
Assim, eventos previsíveis ou rotineiros são frequentemente ignorados, enquanto situações surpreendentes ou difíceis de interpretar tornam-se memoráveis. Um exemplo claro disso seria a estranheza de encontrar um hidrante em um ambiente natural isolado, uma imagem que, pela sua incongruência, fixa-se na memória.
Para investigar esses mecanismos, os pesquisadores desenvolveram um modelo computacional que simula dois processos fundamentais na formação da memória: a compressão e a reconstrução de sinais visuais. Esse modelo foi então testado em um estudo comportamental, no qual os participantes foram expostos a uma série de imagens naturais exibidas rapidamente. Posteriormente, foi pedido que recordassem imagens específicas.
Os resultados mostraram uma correlação direta entre a dificuldade do modelo computacional em reconstruir uma imagem e a probabilidade de essa imagem ser lembrada pelos participantes. Ou seja, quanto mais complexa a cena para o modelo, mais memorável ela era para os humanos.
Este estudo portanto, esclarece aspectos intrigantes sobre a seleção de memórias no cérebro humano, sugerindo implicações futuras para o desenvolvimento de tecnologias de inteligência artificial. Lafferty, que também é diretor do Centro de Neurocomputação e Inteligência de Máquina no Instituto Wu Tsai, destaca que compreender a percepção humana de cenas pode ajudar a criar sistemas de memória artificial mais eficazes.
Referência:
Yale University. "What makes a memory? It may be related to how hard your brain had to work." ScienceDaily. ScienceDaily, 13 May 2024. <www.sciencedaily.com/releases/2024/05/240513105202.htm>.