Em meio à tantas incertezas, compreendemos claramente que a história da humanidade é cíclica. Que doenças devastadoras como a peste negra, a cólera, a varíola, a tuberculose, a gripe espanhola, o sarampo, a SARS e o H1N1 assolaram a humanidade ao longo dos séculos. E agora, a chegada de um novo coronavírus, sobre o qual há muito a se conhecer para que soluções de saúde efetivas sejam encontradas, demonstra a fragilidade do ser humano e comprova que precisamos aprender com tudo que já foi vivido.
Aproximadamente após 4 meses do início da transmissão viral na China temos inúmeros exemplos de países que foram acometidos pelo vírus. A comunidade científica mundial em muitos estudos divulgados comprova que, no momento atual, dependemos muito mais de ações individuais e coletivas para enfrentar essa pandemia do que ações farmacêuticas, como o emprego de uma medicação que comprovadamente cure a COVID-19 ou o desenvolvimento de uma vacina. Essas atividades requerem tempo de estudo, de produção e de transporte, porém não há logística humana suficiente para equiparar-se ao potencial de transmissão do vírus.
Ademais, é valido ressaltar que, certamente, temos uma faixa etária de pessoas mais acometidas pela COVID-19, os idosos e as pessoas com comorbidades, porém não existe uma faixa etária exclusiva, isso significa que jovens também podem apresentar complicações sérias da doença. Além disso, aproximadamente 80% dos indivíduos acometidos são assintomáticos ou possuem sintomas leves, outros 20% podem apresentar sintomas moderados a graves que podem levar ao óbito.
Os números são claros quando demonstram que o Brasil, no dia 26 de março de 2020, apresenta 77 óbitos por COVID-19 e 2915 casos confirmados. Segundo a OMS, a taxa de mortalidade da doença trata-se de aproximadamente 1%, variando dependendo da região. Portanto, provavelmente, já teríamos cerca de 7700 pessoas acometidas. Em todo o mundo, o número de pessoas infectadas é subestimado, uma vez que grande parte dos casos suspeitos não foram testados. Dessa forma, precisamos compreender que 1% de mortalidade de determinada enfermidade se trata de um número baixo de mortes, mas quando é 1% de uma doença que acomete milhares de pessoas, esse número se torna alarmante.
Outrossim, adquirir o novo coronavírus não determina que você necessite ser hospitalizado e na maioria dos casos não precisará. Contudo, precisamos garantir que todas as pessoas que necessitem de atendimento especializado tenham acesso a ele, tanto para o tratamento da COVID-19, quanto para outros problemas de saúde. Vários Estados estão ampliando a infraestrutura de leitos de UTI, sendo, imprescindível, garantir que a curva de infectados que necessitam de atendimento seja menor que a nossa capacidade hospitalar. Diante disso, é necessário impedir que os prejuízos sociais e sanitários sejam tão ofensivos, quanto os danos econômicos que, inevitavelmente, acontecerão.
Dessa forma, é imprescindível que a população de risco seja isolada e que ações coletivas de distanciamento e isolamento social sejam respeitadas. Além disso, precisamos manter os serviços essenciais funcionando, seguir as recomendações cientificas com rigor, uma vez que é principal forma de garantir segurança aos indivíduos que precisam estar nas ruas, para que assim possam realizar um bom trabalho, com menor risco de contaminação. Afinal, todos os profissionais e autoridades que estão se doando para garantir a nossa saúde e segurança precisam e merecem o nosso respeito e admiração.
Por fim, nos últimos dias, não há sequer um meio de comunicação que não tenha o novo coronavírus e suas consequências como assunto principal. Vidas, planos e sonhos mudaram seu curso. Inúmeras pessoas mudaram seus hábitos. Muitas pessoas perderam entes queridos. Vários profissionais saem, diariamente, de suas casas em prol de um bem maior. Estamos vivendo um momento onde o amor, a caridade e a solidariedade precisam prevalecer, acima de tudo. Somos nós que podemos fazer um mundo melhor. Precisamos de uma sociedade unida em prol de todos, os números são previsíveis e evitáveis. Não se trata de sorte, mas de ação!
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