Pigmaleão foi um rei do Chipre na mitologia grega que segundo a história, esculpiu uma estátua querendo achar o modelo feminino perfeito. O problema é que o modelo foi tão perfeito que ele se apaixonou pela estátua e esculpiu a nível de perfeição suprema.
Alguns milênios depois, dois cientistas de Havard, Robert Rosenthal e Lenore Jacobson, destacados psicólogos, que realizaram um importante estudo sobre como as expectativas dos professores afetam o desempenho dos alunos. Resolveram fazer uma experiência em uma escola, onde aplicaram um teste de QI e avisaram os professores que 20% dos alunos tinham resultados incríveis e após meses do período letivo esses 20% se sobressaíram nos testes de QI (sim o QI é mutável)
O que os professores não sabiam é que esses 20% eram alunos totalmente aleatórios.
Os cientistas chegaram à conclusão de:
“Se você tem uma expectativa grande sobre uma pessoa e pode atuar sobre ela, sua expectativa provavelmente vai trazer resultados positivos ou no mínimo a pouca melhora dos negativos”
Esse efeito foi batizado de efeito Rosenthal em homenagem à um dos cientistas ou efeito Pigmaleão.
E a partir desse estudo mais inúmeros e de grandes números foram feitos;
O efeito Rosenthal foi pensado na psicopedagogia e na minha opinião é válido na medicina.
“O paciente querido do médico responde melhor e adere conduta”
“O paciente que o médico não vai com a cara (e nada de hipocrisia) responde pior ou as vezes nem retorna”
“O professor mal preparado, sem noção disso, se deixa a levar pelo aluno estrelinha ou puxa saco”
Existem milhares de situações profissional e emocional que esse estudo se enquadra, mas para facilitar esse texto que para muitos pode ser meio amargo, vou me atentar ao pessoal.
Em situações diretas eu via e vejo isso:
Na medicina o puxa saco e o aluno dito "estrelinha", ou seja, o filho/a de alguém importante, colega ou que tem melhores notas ou responde melhor ao ensino, a tendência ao se dar bem ou até mesmo o contrário, o filho de um médico “inimigo” pode ser facilmente hostilizado.
O paciente que agrada o médico e o médico tem empatia acaba respondendo melhor em adesão e conduta.
E o inverso o mesmo: o aluno jogado na várzea, que não demonstra interesse, acha sacal o que esse mesmo professor diz, pode não render e, pior, às vezes rende fora da mediana e desenvolve ranço por justamente ser esse atrito do professor.
Nesse caso não irei usar o “não que isso tenha acontecido comigo”, porque pelos textos que eu escrevo eu tenho um pequeno viés: O péssimo hábito de quando me sinto na várzea ou esculachado por um professor que tem esses hábitos ruins acima do aceitável, eu estudo para fazê-lo passar vergonha em uma pergunta difícil. E assumo que já tive sucesso algumas vezes.
E eu tenho certeza de que não sou exceção no planeta terra.
Logicamente se observamos de forma definitiva e levarmos que todos os professores e médicos não saibam do efeito Rosenthal, isso geralmente cria um ciclo de professores e médicos deficientes e que poderiam render mais ou até mesmo desperdiçar potenciais.
Mas infelizmente não tenho acesso a estudos do efeito Rosenthal em médicos e professores. O que tenho é só uma visão minha.
Como disse: Tem essas nuances de melhora de performance e perda de criação de potencial. Tudo inconsciente.
“Mas isso não é Rosenthal, é preconceito” O preconceito é a consequência, o efeito Rosenthal é um instrumento.
O que indo ao profissional inadvertido sobre essa história acaba até diminuindo o rendimento e os bons desfechos como a aderência a condutas corretas às necessidades do paciente.
Isso quando não cria um profissional antipático ou um hipócrita de carterinha.
Quem nunca aqui nunca brigou com um paciente e depois se toca que é um preconceito? Ou que ele lembra um colega de faculdade/colega que te sacaneou?
Inclusive em histórias, comportamentos de transtornos psiquiátricos como o Transtorno de stress pós-trauma, a ansiedade e os de personalidade o efeito Rosenthal é uma justificava, é uma conversão.
Cabe ao diferencial de cada médico identificar isso e quebrar essa barreira, ou no mínimo reconhecer que seu julgamento está muito interferido e pedir que ele vá a outro médico
Já dizia o Toguro de Yuyu Hakusho:
“Reconhecer as fraquezas também é uma habilidade dos fortes”
E talvez venha a maior uma das maiores críticas ao sistema educacional médico e ao meio:
“Empatia para intelectual só é bonito e engraçado a página 2, experimente ter na sua frente uma pessoa com um ponto de vista político, pessoal e até comportamentos que você no pessoal não tem muita simpatia”
Já vi muito “defensor da empatia ao paciente e da humanização da saúde” maltratar interno, residente que não ia com a cara, boicotar paciente que tinha ponto de vista político diferente e várias questões pessoais.
Logicamente o efeito Rosenthal, o preconceito principalmente no meio médico vale mais artigos, lembrando que isso é somente um recorte.