O Juramento de Hipócrates prevê, sem reservas, os preceitos de honestidade, caridade e ciência durante o exercício da Medicina. Partindo dessa premissa, ao mesmo tempo em que necessitam lidar com os desafios de seu papel social único de salvar vidas, os profissionais de saúde encaram as atribuições sociais acerca do seu compromisso ético no exercício da profissão.
O aviltamento do ato médico por outras categorias profissionais, no entanto, gera disputas por espaços de atuação dentro do campo da Medicina. A conclusão, portanto, é imediata: a necessidade do médico resguardar exclusividade no ato de cura.
O médico canadense William Osler afirma que um bom médico trata a enfermidade; já um grande médico trata o paciente que possui a enfermidade. O alto teor de responsabilidade profissional, somado aos desafios diários enfrentados, tornam tais profissionais da saúde referência no quadro ético-humanitário público, concomitantemente, a ótica e as críticas acerca das consequências de suas escolhas no exercício da profissão também aumentam.
Um exemplo são os inúmeros processos anuais voltados contra médicos no Brasil por conta de erros durante o processo de cura, o que muitas vezes induz vários profissionais a romper com sua ética em prol de vantagens particulares. A imagem do profissional de saúde como referência social alavanca uma visão crítica contra tais.
É evidente que a ótica social acerca do papel do médico, mesmo incluído em sociedades com cenários sociais distintos quanto ao patrimônio público ou privado, permanece inalterada com o passar do tempo. O desprezo técnico específico de determinadas categorias profissionais médicas que têm buscado adaptar para si o ato médico de curar, buscando ampliar seus espaços de atuações, todavia, geram dissensões sociais acerca da importância e da veridicidade atribuída ao papel do médico no ato de cura.
Um exemplo são as várias pessoas enfermas que dão preferência à automedicação do que a tratamentos hospitalares, em virtude da falta de confiança dos profissionais que a atenderão. O compromisso ético deve estar acima de benefícios próprios.
Parafraseando o médico e pensador clássico Paracelso, a natureza é o mestre da prática médica, bem como dos homens que a exercem. A natureza para com o compromisso ético enquanto executa o seu papel social é o que torna médicos referência no contexto urbano, bem como do próprio meio profissional.
É imprescindível, que instituições formadoras de futuros profissionais da Medicina, tais como faculdades públicas e privadas, devam conscientizar seus estudantes a respeito das responsabilidades, da ética e do compromisso social do médico, por meio de palestras e debates, visando formar profissionais identificados com a profissão e moralmente capazes.
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Nota do editor: texto publicado originalmente em 24/01/2020.