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O que fazer nessa Parada?

O que fazer nessa Parada?
Maria Carolina Vellozo
dez. 11 - 5 min de leitura
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Texto revisão pelo Dr. Prof. Vilson Campos, médico e coordenador do curso de Medicina do Centro Universitário de Pato Branco (UNIDEP)

Aquela cena clássica de cinema em que a mocinha cai no chão repentinamente, o mocinho corre para a respiração boca a boca e em seguida faz compressões cardíacas é obviamente algo que também ocorre na vida real, e essa pode ser uma das circunstâncias que mais assusta o acadêmico do curso da saúde, enxergar alguém caído na sua frente e que necessita da tal “RCP” (ressuscitação cardiopulmonar).

Para que essa assistência seja realizada de maneira eficaz, treinamento teórico e prático são essenciais, e para ajudar você a não cair na negligência de não ter os passos medularmente fixados, vamos abordar aqui de maneira mais leve e descontraída, porém completa e informativa, a sequência necessária a ser aplicada em um paciente em parada cardiorrespiratória (PCR).

Imagine então a seguinte situação:

você está chegando na faculdade, e aquele “tiozinho da guarita” que todos os dias te cumprimenta com animação e um caloroso bom dia de forma repentina cai, naquele exato momento, na sua frente, no meio da via de passagem dos carros que dá acesso aos prédios. E agora acadêmico? O que você vai fazer?

O primeiro passo, ao se aproximar da vítima, é observar o local onde ela está e se necessário fazer o adequado isolamento e sinalização do ambiente para que a cena seja segura para você e o paciente. Lembre-se: esse passo é VITAL!!! Isso mesmo, vital, porque o seguimento correto de todos os passos a seguir depende necessariamente da perfeita execução por um socorrista VIVO!!

Após a certificação da segurança da cena, deve-se abordar o paciente realizando estimulo tátil e sonoro, chamando em tom alto (ex.: SENHOR, SENHOR!!!) e batendo em seus ombros. Na condição de irresponsividade, se possível deve-se solicitar a terceiros, de maneira imperativa, que acionem imediatamente o serviço de urgência e emergência do local (SAMU 192) e que tragam até você se possível um DEA (desfibrilador externo automático) e um ventilador com pressão positiva (dispositivo bolsa-válvula-máscara).

*Se você não sabe onde fica o DEA da sua faculdade, pergunte ao seu coordenador! É sempre bom e responsável de nossa parte saber onde existe um.

*Na realidade, seria o ideal que todos os locais onde frequentam um grande número de pessoas, possuíssem um DEA. Essa não é a realidade brasileira, mas vale a ressalva: seria muito importante instituir, mesmo que seja aos poucos, esse costume de ter um DEA, pois ele muda prognóstico da PCR.

 Seguindo a rápida execução desses passos, verifique se o paciente tem pulso central (carotídeo) e movimentos respiratórios, no caso de resposta positiva para ambas as condições, monitore o paciente e aguarde a chegada do socorro.

PORÉM, no caso de presença apenas do pulso, verifique se o paciente possui vias aéreas pérvias e oferte ventilação de resgate se possuir uma POCKET MASK, lembrando que não é indicado realizar a manobra boca a boca.

 Nos casos de a resposta ser negativa para as duas condições (sem pulso e sem respirações), inicie imediatamente as compressões torácicas ao ritmo de Stayin’ Alive do Bee Gees (100 a 120 compressões por minuto) com 5 - 6cm de profundidade garantindo descompressão completa do tórax. E se o suporte for à uma criança a compressão deve ser de até 4cm.

Lembre-se:

Se o socorrista não viu o momento da queda, não há certeza sobre a condição do paciente, portanto, nesses casos é necessário que seja feita a contenção da cervical, para proteção, a fim de evitar sérias sequelas.

Como nosso papo está sendo didático, seguimos com o tio da guarita irresponsivo, sem pulso e sem incursões respiratórias, mas agora você tem à sua disposição um DEA.

Perfeito, então ligue o DEA e siga as instruções. Ao posicionar as pás o desfibrilador indicará ritmo chocável, situação na qual deve ser instruído a todos que se afastem do paciente, ou ritmo não chocável, então as compressões devem continuar até a chegada do socorro.

Mas e o Ventilador de Pressão Positiva Bolsa-Válvula-Máscara?

 No caso de disponibilidade, o protocolo orienta que sejam realizados ciclos de 30 compressões torácicas para 2 ventilações. Se a vítima for uma criança e houver dois socorristas no atendimento, os ciclos passam a ser de 15 compressões para 2 ventilações, e na presença de um socorrista apenas mantém 30:2. Cuidado também é necessário com a realização das ventilações para se evitar o barotrauma, e uma dica para a eficaz realização é contar “1001, 1002” durante as duas ventilações.

 

Referências

Kleinman, M. E., Goldberger, Z. D., Rea, T., Swor, R. A., Bobrow, B. J., Brennan, E. E., Terry, M., Hemphill, R., Gazmuri, R. J., Hazinski, M. F., & Travers, A. H. (2018). 2017 American Heart Association Focused Update on Adult Basic Life Support and Cardiopulmonary Resuscitation Quality: An Update to the American Heart Association Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care. Circulation, 137(1), e7–e13. https://doi.org/10.1161/CIR.0000000000000539


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