O ano de 2020 deixou sua marca na história recente da humanidade após o fatídico 11 de março, dia no qual a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o caráter pandêmico do vírus SARS-CoV-2. De lá pra cá, somam-se mais de um milhão e meio de vidas perdidas, a maioria no ocidente, muito em razão de não termos, à época, o mínimo conhecimento sobre a doença.
Diversas foram as medidas impostas com intenção de frear o vírus; um inimigo invisível, até então desconhecido e impiedoso. De fato, pouco sabíamos como ele atuava, quais caminhos percorria para infectar e, principalmente, como poderia ser eliminado.
A bem da verdade é que fomos pegos de surpresa, rendidos diante de uma doença cruel, que por vezes não nos deixou nem nos despedirmos dos nossos entes queridos, quando derrotados por ela, sob pena de nos infectarmos também.
Estávamos perdidos quanto à história natural da doença e ela, como já dito, impiedosa, não nos dava tempo nem para raciocinar. A comunidade científica buscava incessantemente respostas; algo eficaz, algum padrão que pudéssemos reconhecer e aplicar, mas a doença é impaciente, não espera nada nem ninguém, e continuou tirando vidas a toque de caixa.
Os mortos aos poucos se transformaram em meros números, que preencheram algumas estatísticas e os gráficos, cor de vermelho sangue, foram parar no canto da tela durante o telejornal exibido à noite. De repente, ainda que deveras doloroso, acostumamo-nos com a fatalidade e com a sensação de impotência.
Ficamos, em última análise, à deriva no grande oceano do desconhecido, em que nada se sabia sobre a doença, não por incompetência ou morosidade do corpo científico, mas por falta de alicerce para nos escorarmos. Não havia precedentes, Guidelines, padrões descritos anteriormente; a produção do conhecimento teve que ser feita ab ovo, desde o início, e isso, é claro, leva tempo.
Felizmente o tempo passou e aos poucos a mata fechada e intransponível da "ignorância" deu lugar à clareira do conhecimento, e os nossos primeiros passos, enfim, puderam ser dados.
Mesmo que distante do ideal, a produção de conhecimento começa a galgar seus primeiros resultados a fim de desmistificar a doença COVID-19 e, hoje, podemos afirmar que estamos mais próximos do que nunca de um desfecho.
Algumas entidades de renome mundo afora, como a própria OMS e o Center for Disease Control (CDC), já possuem, por meio do que há de mais atual em pesquisa, materiais robustos quanto às medidas de suspensão de isolamento na COVID-19.
Dito isso, tomo a liberdade de compartilhar aqui parte do conteúdo compilado pela infectologista Moara Alves S. B. Borges, sobre duração de isolamento em adultos; ancorada, é lógico, em ótimas referências. A saber:
- Leves a moderados não permanecem com infectividade após 10 dias do início dos sintomas, já os casos graves e críticos ou imunocomprometidos permanecem com potencial de infectividade por mais tempo, podendo chegar a 20 dias.
- Assintomáticos não devem repetir PCR até 90 dias do 1º teste; em casos de novos sintomas em menos de 90 dias, outras infecções virais devem ser prioritariamente descartadas. Caso não detectada outra causa e RT-PCR positivo, a quarentena está bem indicada.
- Teste sorológico, ou seja, o exame laboratorial destinado à pesquisa de anticorpos no sangue, não deve ser utilizado, de forma isolada, para dar o diagnóstico de infecção ou reinfecção.
- Correlatos de imunidade à infeção por SARS-CoV-2 não foram estabelecidos.
Assim, diante do conhecimento produzido nos últimos meses, o Center for Disease Control teceu recomendações quanto à duração de isolamento e suas devidas precauções:
- Leves a moderados: Interromper o isolamento após 10 dias do início dos sintomas quando não houver mais episódios de febre por pelo menos 24h, sem uso de antitérmicos, e melhora dos demais sintomas.
- Graves e críticos: Estender as precauções e isolamento por pelo menos 20 dias do início dos sintomas, sendo autorizado descontinuar as medidas apenas quando da resolução do episódio de febre por pelo menos 24h, sem uso de antitérmicos, e melhora dos demais sintomas. Aqui faz-se necessário avaliação com especialista.
- Assintomáticos (RT-PCR positivo): manter as medidas de precaução e isolamento, ainda que na ausência de sintomas, por 10 dias a contar do 1º teste positivo. Paciente imunocomprometido, estender para 20 dias as medidas de precaução e isolamento a contar, também, do 1º teste positivo.
Para acessar o conteúdo completo da Dra. Moara Alves S. Bárbara Borges: https://drive.google.com/file/d/1lYTPFXX_T-pY4fqm0EK9YmKbVlHdYYP7/view?usp=sharing
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Referência
[1] Centers for Disease Control and Prevention. [homepage da internet] Duration of Isolation and Precautions for Adults with COVID-19. Disponível em: https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/hcp/duration-isolation.html