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Osteoporose em Contexto de Diálise: Estratégias e Desafios

Osteoporose em Contexto de Diálise: Estratégias e Desafios
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jan. 21 - 4 min de leitura
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Em um artigo publicado em 19 de janeiro de 2024 na revista JAMA, é discutido sobre a realidade do manejo da osteoporose em pacientes com doença renal crônica (DRC), com um enfoque particular naqueles submetidos à diálise. Esta coexistência de DRC e distúrbios esqueléticos apresenta-se como um desafio notável no contexto clínico atual. Notavelmente, pacientes que enfrentam as fases mais avançadas da DRC são frequentemente acometidos por osteoporose, o que eleva substancialmente o risco de fraturas. Esta realidade amplifica a necessidade de uma compreensão aprofundada e de abordagens terapêuticas eficazes para melhorar a qualidade de vida e os resultados clínicos nesse grupo de pacientes vulneráveis.


🩺Prevalência e Riscos Associados à Doença Renal Crônica (DRC) e Osteoporose:

Pacientes com DRC apresentam uma probabilidade significativamente elevada de desenvolver osteoporose, uma condição marcada por ossos enfraquecidos, aumentando o risco de fraturas. Essas fraturas não são meras complicações físicas; elas carregam implicações, incluindo períodos extensivos de reabilitação, dor crônica persistente, encargos financeiros significativos no sistema de saúde, e um preocupante aumento na taxa de mortalidade. Esses riscos são exacerbados pela natureza progressiva da DRC, que compromete ainda mais a saúde óssea à medida que avança.

🩺Tratamentos Atuais e Suas Limitações:

As opções de tratamento atuais, como a paratireoidectomia (cirurgia para remover uma ou mais glândulas paratireoides) e o uso do medicamento cinacalcet, demonstraram eficácia em alguns aspectos. No entanto, essas abordagens têm suas limitações. Elas não abordam integralmente a complexidade multifacetada da osteoporose em pacientes com DRC, deixando uma lacuna significativa no cuidado e proteção efetiva contra fraturas. Esta realidade sublinha a necessidade de desenvolver abordagens terapêuticas mais abrangentes e eficazes.

🔎Denosumab: Uma Nova Esperança com Desafios:

O denosumab, um poderoso agente antifratura, emergiu como uma opção promissora devido ao seu perfil farmacológico, particularmente adaptado para pacientes com DRC. Ele atua como um anticorpo monoclonal que inibe a ação dos osteoclastos, células responsáveis pela reabsorção óssea. Embora tenha mostrado aumentar a densidade mineral óssea em pacientes em diálise, o uso de denosumab em tal contexto tem sido associado a preocupações significativas, particularmente o risco de hipocalcemia - uma condição potencialmente perigosa caracterizada por níveis baixos de cálcio no sangue.

🔎Estudo da JAMA sobre Hipocalcemia e Denosumab:

Uma análise detalhada conduzida por Bird et al., 2024 e baseada em dados do Medicare nos EUA focou no risco de hipocalcemia após a administração de denosumab em pacientes em diálise. O estudo revelou que a incidência de hipocalcemia severa foi marcadamente mais alta no grupo tratado com denosumab em comparação com aqueles que receberam bisfosfonatos, uma classe de medicamentos comumente usada para tratar osteoporose. Esta descoberta ressalta sérias questões de segurança em relação ao uso de denosumab em pacientes com DRC em diálise.

Diversos fatores contribuem para a complexidade do manejo da osteoporose em pacientes com DRC. Entre eles, a prática de tolerar níveis ligeiramente baixos de cálcio em unidades de diálise ("hipocalcemia permissiva") e a falta de comunicação efetiva entre os profissionais de saúde podem exacerbar o risco de complicações. Este cenário sugere a necessidade de uma abordagem mais integrada e multidisciplinar, enfatizando a importância de manter um equilíbrio neutro de cálcio e uma comunicação eficaz entre as equipes de saúde.

O estudo aponta para a urgente necessidade de desenvolver terapias específicas e mais focadas para pacientes com DRC, que abordem as causas subjacentes da osteoporose nessa população. Enquanto terapias inovadoras estão em desenvolvimento, é vital estabelecer protocolos padronizados para o monitoramento dos níveis de cálcio e estratégias de tratamento, especialmente para aqueles sob tratamento com denosumab, a fim de minimizar riscos e maximizar a segurança do paciente. 



Referência:

Khairallah P, Nickolas TL. Managing Osteoporosis in Dialysis—A Medical Catch-22. JAMA. Published online January 19, 2024. doi:10.1001/jama.2023.24072



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