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Perspectivas epigenéticas no desenvolvimento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

Perspectivas epigenéticas no desenvolvimento do Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
Danielle Granja Serpa
jan. 26 - 5 min de leitura
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O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é caracterizado por ser um transtorno neurobiológico, com forte participação de fatores genéticos para o seu desenvolvimento. Pode-se dizer que a tríade sintomatológica clássica do TDAH envolve a desatenção, hiperatividade e impulsividade. Cabe ressaltar que o profissional responsável pela detecção e assistência ao paciente portador desta patologia deve contextualizar os sintomas apresentados na história de vida e rotina do indivíduo, evitando considerar apenas o sintomas de forma isolada, além de observar se há persistência desta sintomatologia em vários ambientes da vida do paciente (por exemplo, em ambiente escolar, casa, etc.) e se há constância no quadro clínico ao longo do período avaliado.

O debate sobre a etiologia e existência do TDAH é um movimento crescente tanto na área científica, como na sociedade em geral, pautando-se no aumento expressivo de diagnósticos realizados nos dias atuais, em especial no público infanto-juvenil. Além disso, é comprovado que este déficit é capaz de gerar múltiplas manifestações prejudiciais na rotina do paciente, como por exemplo: dificuldades de aprendizagem de impacto psicossocial, abuso de substâncias ilícitas, maior suscetibilidade à desentendimentos, entre outras. Dentre os diversos elementos considerados essenciais para originar este transtorno, destaca-se o conjunto de fatores genéticos, o qual contribui substancialmente para a compreensão desta psicopatologia, a partir da investigação de alterações intracelulares na expressão do material genético do indivíduo.

Neste contexto, a epigenética tem se tornado elemento crucial para o entendimento da origem do TDAH, sendo esta caracterizada como uma interação entre hereditariedade e fatores ambientais, que utiliza-se do mecanismo de metilação de DNA e acetilação de histonas para regular o nível de suscetibilidade de um gene à um determinado fenótipo, sem alteração química estrutural do DNA.

Um estudo publicado pela Revista “Nature Genetics”, discorre sobre a influência do processo de metilação alelo específica (ASM) no desenvolvimento do transtorno de déficit de atenção, visto que este mecanismo possui importante papel na regulação da neurogênese, na diferenciação e no desenvolvimento do cérebro. O ASM é um recurso epigenético que possibilita a identificação de marcadores SNPs (variações pontuais e únicas encontradas no DNA), capazes de determinar níveis diversos de metilação em sítios CpGs nos genes ARTN, C2orf82 e PIDD1, em especial. Estes genes se correlacionam com o aumento do risco para o desenvolvimento do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, sendo esta maior suscetibilidade explicada pela elevação da expressão (e diminuição da metilação) de ARTN e PIDD1, e diminuição da expressão (e aumento da metilação) de C2orf82.

Destaca-se ainda que o estudo revela um fator importante inserido nas alterações epigenéticas capaz de contribuir para o avanço no diagnóstico do TDAH: a metilação do sítio CpG cg20225915, a qual associa-se à expressão de PIDD1 no sangue periférico, tornando-o um bom candidato como biomarcador para identificação da doença, possibilitando um aperfeiçoamento neste quesito.

A discussão etiológica do TDAH ainda carrega diversos pontos não esclarecidos, os quais culminam na existência de profusas indagações sobre fenômenos envolvidos na origem desta patologia, em especial os associados à epigenética. Esta perspectiva genômica é pouco conhecida até o momento, porém possui influência importante e inegável no desenvolvimento da doença, o que a torna significativamente promissora no provimento de um adequado bem-estar aos indivíduos acometidos, diminuindo o seu teor altamente incapacitante, por meio da promoção de uma maior personalização do diagnóstico em si, do melhoramento expressivo do prognóstico e do tratamento individualizado.


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Referência

Pineda-Cirera, L., Shivalikanjli, A., Cabana-Domínguez, J., Demontis, D., Rajagopal, V. M., Børglum, A. D., ... & Fernàndez-Castillo, N. (2019). Exploring genetic variation that influences brain methylation in attention-deficit/hyperactivity disorder. Translational psychiatry, 9(1), 1-11.


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