Pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e pela Associação Brasileira para o Estudo
da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) mostra que oito em cada dez pessoas
com obesidade já sentiram algum tipo de constrangimento em razão do excesso de
peso, sendo que a maioria afirma ser vítima de discriminação pelo menos uma vez
ao mês. O tema veio à tona em função do Dia de Luta Contra a Gordofobia (10 de
setembro), criada com o intuito de conscientizar a sociedade sobre a
importância do respeito à pessoa com obesidade.
Realizada pela internet com 3.621 pessoas, das quais 88%
tinham excesso de peso, a pesquisa indica que para 72% dos entrevistados o
ambiente familiar é o mais hostil em relação a episódios de constrangimento por
conta do peso. Atrás dele, estão lojas e comércio em geral (65,5%), situações
de discriminação no médico (60,4%) e no trabalho (50,7%).
Segundo o Ministério da Saúde, o excesso de peso acomete
mais de 60% da população brasileira. Para evitar que pessoas que sofrem com o
problema enfrentem situações que envolvam constrangimento a endocrinologista
Maria Edna de Melo, coordenadora do Departamento de Obesidade da SBEM, aposta
na ampliação do conhecimento sobre o tema e na oferta do cuidado adequado.
“A pessoas precisam entender a obesidade como uma doença,
entender que não é escolha, que as pessoas que têm obesidade buscam,
diariamente, melhorar sua alimentação, tentar melhorar sua saúde. Se não fosse
uma doença, seria fácil. Mas não é. Fica muito difícil controlar o impulso pela
comida, porque tem comida em todo lugar”, afirma. “Todo mundo acha que é só fechar
a boca e fazer uma. Falta humildade para as pessoas estudarem o assunto e
empatia para entender que excesso de peso não é um defeito nem falta de
vontade”.
A pesquisa mostra também que, quanto maior é o grau de
obesidade, maior a frequência de pessoas que sofrem algum constrangimento
diário: 27% das pessoas com grau 3 de obesidade relataram sofrer
constrangimentos todos os dias. Para piorar, 30% das pessoas com sobrepeso
dizem acreditar ser culpadas pela condição e acabam não buscando ajuda
profissional.
A sondagem mostra ainda que 81% das pessoas com obesidade já
tentaram perder peso de alguma forma, sendo que 68% o fizeram com ajuda
especializada, seja de médicos, nutricionista ou demais especialistas da saúde,
e 32% por conta própria. Dos que tentaram por contra própria, mais da metade
(63%) investiu no combo dieta e atividade física. Dentre as pessoas que
afirmaram ter tentado perder peso por conta própria, pelo menos 18% declararam
ter feito uso de medicamentos sem acompanhamento médico e de artifícios arriscados
como substitutos de refeição, produtos ou medicamentos vendidos na internet,
fitoterápicos e chás.
O levantamento identificou que apenas 13% das pessoas
procuraram ajuda para perder peso no Sistema Único de Saúde (SUS), sendo que
62% delas declararam que não se sentiram confortáveis e acolhidas no atendimento,
o que ocorreu com mais frequência entre aqueles com maior grau de obesidade.
Uma pessoa apresenta diagnóstico de obesidade quando seu
Índice de Massa Corporal (IMC) é maior ou igual a 30 kg/m2. A faixa normal
varia entre 18,5 e 24,9 kg/m2. O IMC é calculado dividindo o peso (em quilos)
pela altura ao quadrado (em metros). A obesidade é um dos principais fatores de
risco para várias doenças não transmissíveis, como diabetes tipo 2, doenças
cardiovasculares, hipertensão, acidente vascular cerebral e várias formas de
câncer.
Com informações de
Agência Brasil.