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Poluição do Ar e Risco Genético de Doença de Parkinson

Poluição do Ar e Risco Genético de Doença de Parkinson
Comunidade Academia Médica
mar. 18 - 3 min de leitura
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A doença de Parkinson, um dos distúrbios neurodegenerativos que mais crescem no mundo, tem visto sua prevalência e incidência aumentar não apenas devido ao envelhecimento populacional, mas também em função de fatores ambientais e genéticos. Um estudo publicado na JAMA Network Open em 17 de março de 2025, explorou como a poluição do ar relacionada ao tráfego interage com a predisposição genética para afetar o risco de desenvolvimento da doença.

Descobertas Principais:

O estudo concentrou-se na exposição a longo prazo a poluentes típicos do tráfego, como monóxido de carbono (CO), dióxido de nitrogênio (NO2) e óxidos de nitrogênio (NOx), associados a um aumento do risco de doença de Parkinson. Esses poluentes são conhecidos por seus efeitos tóxicos nos neurônios, inflamação sistêmica e alterações na fisiologia intestinal e no microbioma, todos fatores que podem contribuir para o desenvolvimento da doença.

A pesquisa utilizou uma abordagem de pontuação de risco poligênico que agrega variantes de nucleotídeo único associadas à doença de Parkinson em estudos de associação genômica ampla, para investigar interações gene-ambiente. Os resultados indicaram que indivíduos geneticamente suscetíveis expostos a altos níveis de poluição do ar relacionada ao tráfego têm um risco aumentado de desenvolver DP, até três vezes maior em comparação com aqueles com baixa exposição e baixo risco genético.

Mecanismos Propostos

Os mecanismos propostos pelo estudo incluem neuroinflamação e efeitos neurotóxicos induzidos pela exposição ao diesel e outros componentes da poluição do tráfego. Estudos anteriores sugeriram que a exposição a poluentes como hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, presentes no diesel, pode facilitar efeitos neurotóxicos, observados em modelos animais como peixes-zebra. A pesquisa também identificou aumentos na expressão de genes inflamatórios e acumulação da proteína α-sinucleína, uma característica da DP, em cérebros expostos a longo prazo a altos níveis de poluição do ar.

Implicações e Limitações

O estudo destaca a poluição do ar relacionada ao tráfego como um fator de risco modificável importante, afetando grandes populações globalmente. No entanto, existem limitações, incluindo a potencial má classificação da exposição, uma vez que os modelos usados não consideraram comportamentos pessoais ou tempo gasto em diferentes ambientes, como locais de trabalho ou durante o trajeto. Além disso, o foco foi na poluição externa, não refletindo a poluição interna, mas ainda assim relevante para ações regulatórias.

Conclusões e Pesquisas Futuras

Os achados do estudo reforçam a necessidade de pesquisas futuras para replicar esses resultados e investigar mais a fundo os mecanismos biológicos que explicam essas interações estatísticas. Entender a interação entre fatores genéticos e ambientais pode proporcionar novos caminhos para prevenção e tratamento da doença de Parkinson, beneficiando não apenas indivíduos geneticamente suscetíveis, mas toda a população exposta a níveis nocivos de poluição do ar.

Este estudo reforça a urgência de políticas públicas eficazes para redução da poluição do ar, assim como a importância de abordagens interdisciplinares que integrem genética e fatores ambientais na pesquisa de doenças neurodegenerativas.


Referências: 

Kwon D, Paul KC, Kusters C, et al. Interaction Between Traffic-Related Air Pollution and Parkinson Disease Polygenic Risk Score. JAMA Netw Open. 2025;8(3):e250854. doi:10.1001/jamanetworkopen.2025.0854


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