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Por que somos médicos? Por que escolhemos ser médicos?

Por que somos médicos? Por que escolhemos ser médicos?
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nov. 9 - 5 min de leitura
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por José Eduardo Carvalho Teixeira*

Mais uma semana terminando e eu gostaria de propor uma reflexão:

  • Porque somos médicos?
  • Porque escolhemos ser médicos?

Antes de tudo já vou avisando que no texto de hoje não vai ter reclamação, xingamento, indignação e nem mesmo fundamentação teórica. Os puristas de plantão podem começar a rosnar através dos comentários!

O texto de hoje também tem desenho do autor e muito uso de gramática “off-label”... Nessa hora vocês já devem estar  pensando: “Que que esse menino vai falar dessa vez?!”.

Como sei que grande parte dos leitores do Academia Médica são acadêmicos e médicos recém graduados, vamos dar o ponta pé inicial na sinceridade: quem nunca naquela semana de prova pensou em chutar o balde? Quem nunca pensou “meu Deus, o que eu tô fazendo da minha vida?” ou ainda invejou de leve aqueles amigos das humanas ou exatas que tem tempo pra tomar uma cerveja na semana de provas e ainda tiram notas boas...

Quem nunca pensou que morrer é mais fácil que viver, e prometeu que nunca mais vai deixar matéria acumular pros próximos testes?! Quem nunca contou as páginas daquele resumo pra ver o quanto que vai ser difícil saber aquilo tudo pra prova... Quem nunca parou subitamente a conversa paralela quando o professor fala: “gente isso vai cair na prova!” (é incrível a hipervigilância que o cérebro tem para a palavra PROVA, e a hipotenacidade para dar atenção pro professor)… Aaaa e ainda tem a residência, especialização, mestrado, doutorado, blá-blá-blá....

Porque fazemos isso? Porque corremos tanto atrás desse objetivo especificamente? Será que somos racionais a tal ponto de submeter nosso corpo às jornadas extenuantes de trabalho e estudos, além de abrir mão de família e de amigos apenas pelo simples comando necortical?

Vamos analisar o outro lado da história: temos o sorriso do paciente e a sensação de felicidade plena ao ouvir um “obrigado”… Chega, isso basta! Esse parágrafo de cima que contém 9999 linhas foi justificado. Agora, se você não fica pleno com isso tá na profissão errada meu chapa… para de ler o texto e vai fazer uma orientação vocacional.

Somos seres eminentemente emocionais e aí vai um dado: as amígdalas tem mais ou menos 345 milhões de anos, enquanto o desenvolvimento do neocórtex começou a 0,01 milhões de anos (Sarnat et al., 2001). Então, por mais que tentemos utilizar isoladamente nossos neurônios moradores da cobertura (principalmente do apartamento da frente ou córtex pré-frontal), iremos sempre ter um “tônus basal emocional” nas nossas decisões.

Ao escolher medicina esse tônus ganha nome: AMOR (sim…agora aquela camisa “outlaw” do cursinho que você usou pra fazer vestibular fica “menos feia”, mas por favor, não precisa voltar a usar).

Brincadeiras à parte, eu só queria desejar um bom fim de semana aos meus companheiros espalhados por todo o Brasil… Que vocês lembrem que a base de tudo é o amor pela profissão e que lá no fundo, por trás de tanta racionalidade, based evidence medicine, protocolos, lattes, e, sobretudo, estresse e cobrança, existe o tônus basal que nos fez escolher a medicina, e que mesmo nos dias mais escuros a felicidade e o amor estarão presentes, é só você se lembrar de ascender a luz (JK. Rowling na persona de Dumbledore et al., minha infância).

 

o que rodin nao viu

O desenho se chama “o quê Rodin não viu”… Dentre os diversos significados que ela assumiu ao longo dos anos eu me permiti brincar um pouco e expressar o que Rodin não viu, ou melhor, não retratou: dentro de todo pensamento humano existe um conteúdo emocional e por isso, em vez de córtex eu desenhei vários sistemas límbicos, que inclusive pulam cerca. Talvez um pouco irônico, mas, pra mim faz muito sentido, principalmente na questão da comunicação não verbal e nas atitudes diárias que tomamos com os nossos pacientes, amigos e familiares…

A Divina Comédia de Dante é extramemente épica, racionalizada e toda em regras de 3. Eu particularmente não gosto e não entendo nada disso. 500 anos depois, Rodin fez a estátua dizendo que era Dante na porta do inferno meditando sobre sua obra…

Daí temos um ponto interessante: a medicina oriental, milenar, introduziu a meditação como forma de controlar as amígdalas (sistema límbico), tentando reduzir ao máximo a interferência desse nos nossos atos… Mas o melhor de tudo é cada um ver o desenho e interpretar do jeito que quiser!!

 

*Jose Eduardo Carvalho Teixeira - Graduou seu ensino-médio na Wichita East High School, onde foi convidado a participar do programa Youth Court desenvolvido pelo Wichita Crime Commission, figurando como conselheiro durante um ano. Atualmente cursa medicina na Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora. É membro da Liga de Psiquiatria e Saúde Mental da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora. Contato: eduardoct93@icloud.com


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