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Preditores de pneumonia em infecções do trato respiratório inferior

Preditores de pneumonia em infecções do trato respiratório inferior
Roberta Fittipaldi
abr. 22 - 4 min de leitura
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Quem nunca esteve em um ambulatório ou pronto socorro e, diante de um paciente com queixas vagas de tosse produtiva, não ficou na dúvida se começava ou não um antibiótico? Ou então se deveria pedir uma radiografia de tórax?

As infecções não complicadas do trato respiratório inferior, representada aqui pelas bronquites agudas, são as doenças respiratórias agudas mais comuns da atenção primária, e sabe-se que, por conta da maioria delas ser de etiologia viral, são doenças benignas, autolimitadas e com pouco ou nenhum benefício quando tratadas com antibióticos e corticoides orais, segundo revisão recente da Chocrane Libray.

Sendo assim, pesquisadores do Reino Unido publicaram recentemente no European Respiratory Journal o resultado de um trabalho prospectivo, que analisou prontuários de 28.883 pacientes adultos atendidos na atenção primária e que apresentavam sintomas de tosse atribuída a infecções do trato respiratório inferior. Os sinais e sintomas na admissão, achados radiográficos, evolução clínica e follow-up de 30 dias foram registrados. Os dados clínicos foram cruzados com as alterações radiológicas de pacientes com diagnóstico confirmado de pneumonia e analisados para tentar estabelecer um preditor clínico que pudesse orientar o diagnóstico de pneumonia, sem o uso da radiografia de tórax e nortear corretamente o tratamento com antibióticos.

Foi observado que dos 28.883 pacientes, 1.782 realizaram radiografia de tórax em 30 dias e 720 nos primeiros 7 dias. A tendência dos médicos para realizar o raio-x era com pacientes fumantes, mais graves ou idosos.  Dessa forma, os pesquisadores cruzaram dados clínicos e radiológicos para tentar analisar características clínicas que possam predizer pneumonia. Obtiveram como preditores clínicos independentes de pneumonia: temperatura maior que 37.8ºC, estertores a ausculta pulmonar, oximetria de pulso com SpO2 menor que 95%, e frequência cardíaca maior que 100bpm. Observou-se que a maioria dos pacientes com diagnóstico confirmado de pneumonia possuía pelo menos um desses achados.

Sendo assim, o que esse trabalho nos traz de importante é que, muitas vezes, em nossa prática clínica, o paciente não tem acesso imediato ao raio-x de tórax e, portanto, pode ou não receber a prescrição de um antibiótico. Com achados simples de exame físico, segundo o estudo, podemos estar mais seguros a prescrever antibioticoterapia para esses pacientes com sintomas do trato respiratório inferior, mesmo não realizando a radiografia de tórax.

Vale lembrar que o diagnóstico de pneumonia é feito pela combinação de sintomas achados no exame físico e no exame radiológico do tórax. Porém, se o recurso radiológico não estiver disponível no momento do atendimento, e o paciente apresenta algum sinal dos descritos acima e ausência de sinais de gravidade que indiquem internação clínica (por exemplo PAS<90mmHg, alteração do sensório, taquipnéia ou esforço respiratório, doenças graves associadas, etc) já podemos iniciar antibioticoterapia, sem esquecer de prosseguir com o devido follow-up.

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Referências

Predictors of pneumonia in lower respiratory tract infections: 3C prospective cough complication cohort study. Moore at al. European respiratory Journal 2017; 50: 1700434. Disponível aqui.


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