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Primeiro Ensaio Clínico de Transplantes de Órgãos de Porcos em Humanos

Primeiro Ensaio Clínico de Transplantes de Órgãos de Porcos em Humanos
Comunidade Academia Médica
fev. 4 - 3 min de leitura
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A área de transplantes médicos está à beira de uma revolução com o início do primeiro ensaio clínico autorizado pela FDA (Food and Drug Administration) para testar a segurança e eficácia de transplantes de rins de porcos geneticamente modificados em seres humanos. O estudo, conduzido por United Therapeutics, com sedes em Silver Spring, Maryland, e Research Triangle Park, Carolina do Norte, é um marco que pode transformar o campo dos transplantes e oferecer esperanças para milhares de pacientes em lista de espera.

O ensaio clínico incluirá inicialmente seis pessoas com doença renal em estágio terminal, com idades entre 55 e 70 anos, que não são elegíveis para um transplante renal convencional por razões médicas ou que possivelmente não sobreviveriam à espera prolongada por um doador. Esses pacientes serão monitorados por cerca de seis meses para observação de eventos adversos graves, doenças infecciosas e sinais de danos renais, sendo posteriormente acompanhados pelo resto de suas vidas.

A eficácia do transplante será avaliada pela sobrevivência dos participantes e dos rins transplantados, bem como pela função de filtração dos rins e mudanças na qualidade de vida dos participantes. Esta abordagem além de evidenciar a escassez de órgãos disponíveis, também avança no campo da xenotransplantação – o uso de órgãos de espécies não humanas em humanos.

Os rins para o estudo virão de porcos submetidos a modificações genéticas específicas para reduzir o risco de rejeição do órgão. A United Therapeutics utilizou porcos com dez edições genéticas, enquanto outra empresa, eGenesis de Cambridge, Massachusetts, trabalha com animais que possuem até 69 alterações, muitas das quais visam inativar vírus que poderiam estar presentes no genoma suíno.

Este ensaio é crucial, pois, até o momento, apenas cinco americanos receberam um transplante de órgão de porco, com o tempo mais longo de sobrevivência registrado sendo de 71 dias. Isso reforça a importância da gestão de anticorpos contra antígenos suínos para prevenir a rejeição do órgão e o desafio de lidar com condições como a proteinúria excessiva, um problema observado em primatas não-humanos que receberam rins de porcos.

O interesse e o cuidado na seleção de pacientes mais saudáveis para estes ensaios indicam uma abordagem mais sistemática e controlada em comparação com transplantes anteriores feitos em bases compassivas, onde os pacientes estavam extremamente doentes e sem outras opções. Este rigor adicional pode fornecer dados de segurança e eficácia cruciais para avançar o campo da xenotransplantação.

A aprovação da FDA representa um passo significativo para eventualmente fornecer uma nova fonte de órgãos para transplante, oferecendo esperança para aqueles que enfrentam longas esperas por um transplante de órgão. Com este desenvolvimento, os cientistas e médicos estão mais próximos do que nunca de transformar a xenotransplantação de um sonho distante em uma realidade palpável, abrindo novas fronteiras no campo da medicina regenerativa.

Referência:

Mallapaty, S., & Kozlov, M. (2025, February 4). The science behind the first pig-organ transplant trial in humans. Nature. https://www.nature.com/articles/d41586-025-00368-w


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