A transparência em saúde envolve não esconder dos pacientes nenhuma informação sobre seu tratamento ou estado de saúde, além da divulgação de informações institucionais referentes aos serviços prestados, como indicadores e metas relacionados à infecção hospitalar, gerenciamento de risco, identificação correta do paciente, comunicação efetiva, uso seguro de medicamentos, cirurgia segura e prevenção de riscos de queda.
Uma forma de envolver o paciente é a utilização de uma pulseira de identificação com código de barras, permitindo o acesso completo aos seus dados. Esse tipo de tecnologia auxilia na diminuição de enganos na realização de exames ou na administração de medicamentos, permitindo ao próprio paciente ajudar a fazer tal controle, através da conferência entre a identificação desses procedimentos e os dados de sua pulseira.
Outra medida de simples implementação é colocar no quarto de cada paciente um quadro com o registro da rotina que deverá seguir, informação que usualmente fica apenas no controle da enfermagem, em área restrita. Nesse quadro coloca-se os exames que devem ser feitos, a medicação a ser tomada e em quais horários, a dieta alimentar prescrita, entre outros.
Nos EUA está em teste uma plataforma que permite aos usuários livre acesso ao seu prontuário. Apesar do temor inicial de que os pacientes seriam céticos, desinteressados ou que ficariam assustados em ler as anotações de seus médicos, os participantes do programa se sentiram mais no controle, apresentaram maior recordação das recomendações e um melhor entendimento da sua saúde, apresentando uma maior aderência ao seu tratamento.
Existem também no Brasil hospitais que possibilitam o acesso remoto ao prontuário pelo paciente, com objetivo de aumentar a possibilidade do paciente de avaliar junto ao seu médico qual a melhor decisão a respeito dos cuidados com sua saúde, dentro de padrões rígidos de segurança e privacidade, aumentando a confiança dos pacientes e familiares com a instituição.
É ainda demonstrado que uma maior transparência aumenta a satisfação e a segurança do paciente por meio da promoção de um maior controle, pelos pacientes, a cerca da coerência dos cuidados prestados; além de promover o aumento de confiança e facilitação da decisão do paciente acerca de sua saúde e tratamento.
Porém apesar de haver uma maior aderência aos tratamentos por pacientes satisfeitos, há uma linha tênue entre a satisfação dos usuários e desfechos clínicos, pois pacientes frequentemente solicitam exames e procedimentos com pouco benefício diagnóstico ou terapêutico, e os profissionais que concordam com esses pedidos são associados a uma maior satisfação do paciente. Existe ainda uma correlação entre maior satisfação do paciente com maior utilização do sistema de saúde, maior gasto com saúde e maior prescrição de medicamentos, contudo sem uma diminuição na taxa de mortalidade.
Enquanto satisfação é associada ao quanto o médico realiza os pedidos do paciente, uma alta taxa de satisfação pode ser obtida sem a realização dessas solicitações caso o médico realize um atendimento centrado no paciente através de um cuidado baseado em evidências associado a preferência dos pacientes conscientes, desta forma melhorando satisfação e desfechos clínicos. Porém esse tipo de atendimento exige consultas longas e desafiadoras na sua implementação.
Formas de aumentar a transparência para o paciente:
- Criar culturas organizacionais que suportam a transparência em todos os níveis.
- Rever dados do desempenho da segurança de forma frequente e proativa.
- Fornecer aos pacientes e familiares as informações confiáveis de uma forma que seja útil para eles (incluindo o acesso aos seus registros médicos).
- Incluir pacientes nos rounds multiprofissionais à beira-leito.
- Prontamente prover aos pacientes e familiares informação completa sobre qualquer dano resultante do seu tratamento, seguido de desculpas e resolução justa.
- Fornecer apoio organizado para pacientes, familiares e clínicos envolvidos em um incidente de segurança.
- Compartilhar lições e adotar as melhores práticas de organizações pares.
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