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Que características tem o Médico de Família e Comunidade?

Que características tem o Médico de Família e Comunidade?
Fernando Carbonieri
abr. 9 - 6 min de leitura
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Que características tem o Médico de Família e Comunidade?

A WONCA, em 1997, estabeleceu a seguinte definição para o Médico de Família e Comunidade;

“É o profissional responsável de proporcionar atenção integral e continuada a todo indivíduo que solicite assistência médica, podendo mobilizar para isto outros profissionais da saúde, que prestarão seus serviços quando for necessário.

Aceita qualquer pessoa que solicite atenção, ao contrário de outros profissionais ou especialistas, que limitam a acessibilidade de seus serviços pela idade, sexo e/ou diagnóstico dos pacientes.

Atende o indivíduo no contexto da família e a família no contexto da comunidade de que faz parte.

É competente clinicamente para proporcionar a maior parte da atenção que necessita o indivíduo, considerando sua situação cultural, sócio-econômica e psicológica “.

Apesar de ser esta uma definição muito completa, deixa de incluir a todos aqueles pacientes que sem solicitar atenção medica, são rastreados, diagnosticados e atendidos pelo médico de família e comunidade através de técnicas e terapias de intervenção individual ou coletiva, tal como ocorre com a intervenção de pacientes detectados com enurese de maneira ocasional ou através de uma consulta a seus pais; violência ou abandono na comunidade; busca de contatos enfermidades transmissíveis, rastreamento de doenças oncológicas, crônico-degenerativos ou simplesmente através das campanhas de vacinação.

Que características tem a Medicina de Família e Comunidade?

Das definições anteriores surgem as características próprias da especialidade:

1 -Primeiro contato

A Medicina de Família e Comunidade é, em um sistema de saúde organizado por níveis de cuidado, o ponto de entrada cada vez que existe a necessidade de resolver um novo problema de saúde, independente da idade, sexo ou problema de saúde, exceto em alguns casos de urgências e emergências.

2-Segundo contato, referência interna
Em equipes de saúde multi e transdisciplinares, a Medicina de Família e Comunidade pode funcionar como especialidade de interconsulta (referência interna), para orientações no manejo de problemas de saúde referenciados por outros integrantes de equipe, como por exemplo: paciente atendido por nutricionista que é referido ao médico de família e comunidade para ser orientado a respeito de algum problema de saúde que foge do controle por parte daquele.

3- Acessibilidade, continuidade e longitudinalidade

A medicina de família e comunidade deve ser a especialidade com um acesso adequado social, organizativo e geográfico. Deve oferecer cuidados em todas as etapas do ciclo vital, favorecendo que estes cuidados sejam realizados pelo mesmo médico de família e comunidade ao longo de toda a vida do paciente.

4- Relação Médico - Paciente

A Medicina de Família e Comunidade serve-se de uma construção da relação médico-paciente ao longo do tempo, considerando sempre seu contexto. A relação médico- paciente é um ato médico essencial que procura o bem integral do paciente. Se o ato médico não se orienta a este fim, a Medicina se desumaniza. Na Medicina de Família e Comunidade, a relação médico-paciente está dada para atender o humano do enfermo e o espiritual do homem.

5- Gestão de recursos

A Medicina de Família e Comunidade deve ser a especialidade onde se maneja adequadamente os recursos com racionalidade e eficiência, e onde se atua como elo entre as outras especialidades para o acesso oportuno em instâncias de interconsulta ou referência.
Esta gerência deve procurar um uso apropriado e equitativo dos outros serviços disponíveis para bem do paciente, sua família e a comunidade, assim como do próprio sistema de saúde.

6- Modelo centrado na pessoa

A Medicina de Família e Comunidade orienta–se a partir de um modelo centrado na pessoa, contextualizada em sua família e comunidade, o que implica que deve treinar para desenvolver atitudes e habilidades comunicativas, assim como ter a capacidade de entender e lidar com as relações interpessoais.

7- Tomada de decisões

No exercício da Medicina de Família e Comunidade, decisões devem ser tomadas em relação às características individuais, familiares e contextuais dos pacientes, como por exemplo, considerar a incidência e a prevalência de problemas nessa comunidade. Conseqüentemente, deve-se escolher a tecnologia adequada para o cuidado da pessoa, com critérios éticos e de custo-eficácia, melhorando assim o tipo de atenção prestada.

8- Características dos problemas de saúde

A prática da Medicina de Família e Comunidade deve resolver os problemas agudos e crônicos de pacientes individuais e/ou produto da dinâmica familiar, baseado em um enfoque de risco, o qual contribui para a identificação da probabilidade de que certas características dos indivíduos e/ ou o meio que lhe rodeiam, produzam em conjunto uma enfermidade.

9- Dimensão da abordagem de problemas

A Medicina de Família e Comunidade aborda os problemas de saúde de maneira integral, envolvendo de maneira dinâmica as esferas biológica, psicológica, social e espiritual dos mesmos.

10- Trabalho em equipe

A atenção à saúde não é oferecida por somente um indivíduo; é inerente à Medicina de Família e Comunidade uma orientação de trabalho articulado em equipe multidisciplinar, com características de inter ou transdisciplinaridade para oferecer e melhorar a atenção para uma população identificada.

11- Níveis de prevenção

A Medicina de Família e Comunidade deve realizar promoção da saúde e prevenção da enfermidade em todos os seus níveis, de forma apropriada e efetiva.

Mais sobre o assunto no poster apresentado pela Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade no Wonka 2014.

Este texto é parte integrante do trabalho "PERFIL DO MÉDICO DE FAMÍLIA E COMUNIDADE - DEFINIÇÃO IBEROAMERICANA"


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