Na minha humilde opinião, estou a meio caminho da menopausa. Para mim isso que dizer que não engravidarei novamente e esse é fator importante para uma mulher que engravidou quatro vezes ao longo da vida. Quer dizer também que as emoções afloram e o medo de ser rotulada como inconstante, imprevisível e incapaz bate forte.
A boa notícia: meu cabelo já não cai tanto. Soube há pouco por texto publicado em Academia Médica que a queda de cabelos é comum nessa etapa da vida e me dei conta de que meu cabelo caía, sim, muito mais do que o "normal" desde que me conheço como gente. Credito essa evolução ao gerenciamento de estresse que venho exercitando mediante acompanhamento terapêutico. E percebo o quanto venho sendo desatenta aos sinais de meu corpo ao longo de minha vida.
Felizmente isso está mudando.
Sou mãe, jornalista, mestre em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes-USP e doutora em Ciências pela Faculdade de Saúde Pública-USP. Em 2013 criei o blog Meunomenai para divulgação de pesquisas em saúde. Em 2014 iniciei o Doutorado. Defendi tese sobre fissura labiopalatina em 2018 e me lembro exatamente do dia em que ouvi falar pela primeira vez sobre Medicina Integral durante conversa com meu orientador.
Ainda tenho muito a aprender.
Experimentei coordenar os termos Medicina Integrativa e Economia e me deparei com texto de Marcone César Tabosa Assunção e equipe: "Análise de custos em unidade de Medicina Tradicional, Complementar e Integrativa no Brasil", publicado em Revista de Saúde Pública.
Descubro que o custo médio por usuário em 2014 foi R$ 36,79, considerando o total de 34.521 usuários em práticas individuais e coletivas, em serviço especializado em Medicinas Tradicionais Complementares e Integrativas (MTCI) no Nordeste brasileiro.
A equipe responsável pelo estudo realizou avaliação econômica do tipo parcial, com caráter descritivo, de natureza quantitativa, com dados secundários, posteriormente agrupados em planilhas do Microsoft Excel. O método utilizado para analisar tais custos foi o de custeio por absorção, a partir do qual o serviço foi dividido em três centros de custeio: produtivo, administrativo e auxiliar.
O artigo demonstra que o serviço apresenta um custo por usuário compatível com um serviço especializado, com a possível vantagem de impacto positivo na qualidade de vida. Essa conclusão vai de encontro à observação de Pamela Siegel e Nelson Filice de Barros, no artigo "O que é a Oncologia Integrativa", publicado em Cadernos Saúde Coletiva:
"Quando combinadas com o cuidado convencional as modalidades integrativas podem estimular a efetividade e reduzir os sintomas adversos do câncer".
Os autores descrevem a Oncologia Integrativa (OI) como um ramo da Medicina Integrativa que integra à medicina convencional as práticas complementares, com evidências positivas, classificadas em: práticas baseadas na biologia, técnicas mente-corpo, práticas de manipulação corporal, terapias energéticas e sistemas médicos tradicionais.
O objetivo deste artigo foi apresentar os resultados de uma revisão bibliográfica crítica sobre o estado da arte da OI, a partir de dois procedimentos de seleção do material: revisão sistemática da literatura no PubMed-MEDLINE, em que foram selecionados 26 artigos, e seleção de livros publicados a partir de 2006, citados nas referências dos artigos selecionados ou em entrevistas exploratórias com especialistas em dois eventos internacionais: o IX congresso da Society of Integrative Oncology e o MD Anderson Observer Programme.
No Brasil, o uso próprio por parte de médicos atuantes no Sistema Único de Saúde (SUS) no município de Tubarão (SC) de práticas da Medicina Integrativa ou de seus familiares influenciou no conhecimento e, com isso, na recomendação de uso aos pacientes. Maria Luiza Amaral Kracik, Pablo Michel Barcelos Pereira e Betine Pinto Moehlecke Iser conduziram estudo que teve por objetivo identificar o interesse, a concordância e o conhecimento destes médicos em relação às práticas da Medicina Integrativa e sua política nacional de inclusão ao sistema de saúde.
Os resultados são apresentados no artigo "Medicina Integrativa: um parecer situacional a partir da percepção de médicos no Sul do Brasil", publicado em Saúde em Debate.
Foi realizado estudo transversal, em amostra do tipo censo, composta por um total de 230 profissionais. A maioria dos médicos investigados referiu desconhecer a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (85,5%) e negou possuir interesse pelas suas modalidades terapêuticas (53,3%). Ainda assim, um número significativo deles referiu querer conhecer mais sobre as práticas (43%) e concordar com a inclusão delas no SUS (80,2%), sendo que 48,8% concordam somente com a inclusão de algumas práticas.
Fontes:
Assunção, Marcone César Tabosa, Aquino, Camilla Maria Ferreira de, Sousa, Islândia Maria Carvalho de, Carvalho Neto, Manoel Raymundo de, Jordão, Vitor Pereira, & Bezerra, Adriana Falangola Benjamin. (2020). Análise de custos em unidade de Medicina Tradicional, Complementar e Integrativa no Brasil. Revista de Saúde Pública, 54, 145. Epub 11 de dezembro de 2020.https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054001649
Siegel, Pamela, & Barros, Nelson Filice de. (2013). O que é a Oncologia Integrativa?. Cadernos Saúde Coletiva, 21(3), 348-354. https://doi.org/10.1590/S1414-462X2013000300018
Kracik, Maria Luiza Amaral, Pereira, Pablo Michel Barcelos, & Iser, Betine Pinto Moehlecke. (2019). Medicina Integrativa: um parecer situacional a partir da percepção de médicos no Sul do Brasil. Saúde em Debate, 43(123), 1095-1105. Epub 09 de maro de 2020.https://doi.org/10.1590/0103-1104201912309