Pesquisadores da Universidade de Illinois Urbana-Champaign descobriram uma nova abordagem para combater infecções causadas por bactérias resistentes a antibióticos. Liderada pelo professor de bioquímica Joe Sanfilippo, a equipe utilizou dispositivos microfluídicos que simulam o fluxo de fluidos no corpo humano, uma técnica que pode revolucionar os testes de eficácia dos antibióticos.
A pesquisa focou na bactéria Pseudomonas aeruginosa, conhecida por sua alta resistência a múltiplos antibióticos. Tradicionalmente, os testes para medir a eficácia dos antibióticos são realizados em laboratórios utilizando placas de Petri, tubos e poços, que não replicam as condições dinâmicas encontradas no corpo humano. No entanto, ao introduzir os antibióticos em diferentes taxas de fluxo de fluido usando dispositivos microfluídicos, a equipe observou resultados significativamente diferentes.
Os resultados, publicados na revista Science Advances, mostraram que em condições de fluxo baixo ou nulo, os antibióticos eram eficazes apenas no início do percurso do fluido, impactando uma pequena porção das bactérias. Porém, ao aumentar a taxa de fluxo, a atividade antibiótica expandia seu alcance, eliminando todas as bactérias presentes até o final da amostra nos maiores fluxos testados.
Sanfilippo destaca a importância de considerar o fluxo de fluidos no desenvolvimento e teste de antibióticos: "Sempre que você toma um antibiótico, seja oralmente ou por via intravenosa, ele não chega imediatamente ao local necessário. Ele é transportado pelo fluxo sanguíneo, e outros fluidos também se movem pelo corpo, como nos pulmões, trato urinário e digestivo. No entanto, os biólogos raramente estudam o impacto do fluxo de fluido ao estudar patógenos."
Este estudo abre portas para uma nova maneira de avaliar e desenvolver medicamentos antibióticos, sugerindo que as condições de teste em laboratório devem imitar mais de perto as condições reais do corpo para determinar a eficácia dos tratamentos. Além disso, essa descoberta tem o potencial de alterar as práticas clínicas ao proporcionar um quadro mais preciso da resistência antibiótica, permitindo que os clínicos escolham tratamentos mais eficazes baseados em testes que considerem a dinâmica do fluxo de fluidos.
Os próximos passos da equipe de pesquisa incluem testar outros patógenos resistentes a antibióticos e diferentes medicamentos em seus dispositivos microfluídicos, além de estudar mais profundamente os mecanismos pelos quais os antibióticos são mais efetivos em fluidos em movimento.