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Aumento do Risco Neonatal com o Uso de Cannabis e Nicotina Durante a Gravidez

Aumento do Risco Neonatal com o Uso de Cannabis e Nicotina Durante a Gravidez
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mai. 8 - 3 min de leitura
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A crescente legalização da cannabis nos Estados Unidos trouxe consigo um aumento preocupante no uso concomitante de cannabis e produtos de nicotina durante a gravidez. Um estudo publicado na JAMA Network Open, em 07 de maio de 2024, oferece uma visão detalhada dos efeitos adversos dessa prática nos resultados perinatais. Essa pesquisa é fundamental para orientar práticas clínicas e políticas de saúde pública, dado o aumento do uso combinado dessas substâncias.

O estudo analisou dados de uma ampla coorte, concentrando-se nas gestantes da Califórnia, e encontrou associações significativas entre o uso combinado de cannabis e produtos de nicotina e uma série de resultados adversos. Entre esses estão o aumento do risco de morte infantil, partos pré-termo antes de 37 semanas, bebês pequenos para a idade gestacional e admissões na unidade de terapia intensiva neonatal, comparativamente ao uso isolado de qualquer uma das substâncias.

🟦 A tabela a seguir expõe os resultados perinatais entre gestantes da Califórnia no período de 2012 a 2019:

Fonte:  Crosland BA, Garg B, Bandoli GE, et al., 2024

O uso de cannabis durante a gravidez, por si só, já foi associado em estudos anteriores a um aumento na mortalidade infantil. De forma similar, a exposição pré-natal à nicotina tem sido consistentemente relacionada a riscos aumentados de morte infantil e outras complicações perinatais. No entanto, o estudo atual destaca um efeito potencialmente sinérgico prejudicial quando essas substâncias são usadas em conjunto, o que exacerba os riscos para a saúde neonatal.

Importante notar, o estudo também revela que, apesar da diminuição do uso de produtos de nicotina durante a gravidez entre 2012 e 2019, as taxas de diagnósticos relacionados ao uso de cannabis permaneceram estáveis, sugerindo uma mudança nas tendências de consumo entre as gestantes.

Fonte:  Crosland BA, Garg B, Bandoli GE, et al., 2024

Já a tabela a seguir apresenta os riscos relativos (RRs) não ajustados e ajustados para desfechos perinatais adversos:

Fonte:  Crosland BA, Garg B, Bandoli GE, et al., 2024

Este estudo evidencia, portanto, a interação preocupante entre o uso de cannabis e nicotina durante a gravidez e reforça a necessidade de abordagens de saúde pública e práticas clínicas que incentivem a abstinência dessas substâncias. Para aquelas pacientes que não conseguem alcançar a abstinência total, a pesquisa sugere que a cessação de pelo menos uma das substâncias já pode resultar em benefícios significativos.

A ampla base de dados e o ajuste para diversos fatores confundidores garantem a robustez dos achados, apesar das limitações, como a possível subestimação da prevalência devido ao uso de códigos ICD para classificação. Assim, fica evidente a necessidade urgente de mais estudos para caracterizar completamente o impacto da coexposição a cannabis e nicotina na gravidez, visando educar melhor as gestantes sobre os riscos potenciais e orientar as políticas de saúde de maneira eficaz.



Referência:

Crosland BA, Garg B, Bandoli GE, et al. Risk of Adverse Neonatal Outcomes After Combined Prenatal Cannabis and Nicotine Exposure. JAMA Netw Open. 2024;7(5):e2410151. doi:10.1001/jamanetworkopen.2024.10151


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