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Síndrome de Havana

Síndrome de Havana
Bárbara Figueiredo
mai. 17 - 4 min de leitura
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"Os Estados Unidos estão investigando novos ataques misteriosos contra autoridades americanas em todo o mundo", disseram parlamentares que confirmaram relatos da imprensa sobre o ressurgimento do que foi apelidado de Síndrome de Havana.

O que é a Síndrome de Havana?

Uma misteriosa doença sofrida por diplomatas americanos em Cuba, com sintomas como dores de ouvido, tontura e sensação de pressão na cabeça, provavelmente foi causada por radiação direta de micro-ondas.

A "síndrome de Havana" ganhou o noticiário entre 2016 e 2017, quando funcionários da Embaixada dos EUA na capital cubana começaram a apresentar um incomum conjunto de sintomas e sinais clínicos [2]. 

“Durante quase cinco anos, fomos informados de ataques misteriosos contra representantes do governo dos Estados Unidos em Havana, Cuba, assim como no resto do mundo”, afirmou o presidente do Comitê de Inteligência do Senado, o democrata Marl Warner, e seu vice, o republicano Marco Rubio. "Esses tipos de ataques contra concidadãos que trabalham para o governo parecem estar aumentando”, acrescentaram.

Segundo relatos, eles começaram a experimentar um estranho conjunto de sintomas. Tudo começou abruptamente com uma “pressão no ouvido” e que, às vezes, estava associado a um ruído agudo. Os indivíduos atendidos afirmaram que a experiência foi desorientadora; em alguns casos, dolorosa. As sequelas incluíram cefaleia, náuseas, problemas visuais, ataxia e perda auditiva. Alguns indivíduos ainda são sintomáticos. [3] 

Esses sintomas levaram Washington a retirar a maior parte de seu pessoal diplomático de Cuba em 2017. De acordo com um relatório da Academia de Ciências dos EUA, “a energia das ondas de rádio direcionadas” é a causa mais provável desses sintomas. [1].

Após a revisão dos casos, a academia concluiu que "energia de radiofrequência direta e pulsada" (um tipo de radiação que inclui micro-ondas) é a explicação mais plausível para a doença, embora outras causas não possam ser completamente descartadas [2]. 

O relatório não aponta culpados pela radiação, embora dê indicativos de que acha que ele pode ter sido intencional, por se tratar de exposição pulsada, e não contínua. A conclusão oficial, porém, é de que "nenhuma hipótese foi provada, e as circunstâncias permanecem não esclarecidas" [2]. 

Ao mesmo tempo, o relatório aponta que já existia "pesquisa significativa da Rússia/União Soviética sobre os efeitos da exposição pulsada, em vez de contínua (a esse tipo de radiação)" [2]. Os problemas de saúde levaram ao fechamento quase total da embaixada, apenas dois anos depois de ela ter sido reaberta como parte da tentativa de reaproximação entre Cuba e EUA durante o governo de Barack Obama [1, 2]. 

Em 2019, um estudo acadêmico americano identificou "anormalidade cerebrais" nos diplomatas adoecidos, mas Cuba questionou as descobertas. 

A neuroimagem avançada do cérebro de um grupo de funcionários do governo dos EUA potencialmente exposto a fenômenos direcionais enquanto trabalhava em Havana, Cuba, mostrou: diferenças significativas no volume da substância branca do cérebro inteiro, volume regional da substância branca e cinza, integridade microestrutural do tecido cerebelar e conectividade funcional no sistema auditivo e sub-redes visuoespaciais em comparação com controles [5, 6]. 

Essas descobertas sugerem que pode haver diferenças na estrutura do cérebro envolvendo várias regiões cerebrais diferentes, bem como em algumas redes cerebrais funcionais. [5, 6]. 

A fMRI revelou deficiências nas sub-redes auditiva e visual, mas não na sub-rede de funções executivas. No cerebelo houve uma menor difusividade média no vermis cerebelar e maior anisotropia fracionada. Ele foi especificamente examinado por causa da constelação de sintomas, que frequentemente incluíam tontura [3, 5]. 

A primeira hipótese dos cientistas é um vírus ainda não identificado. Mas essa não é a única interpretação. O próximo passo será comparar as descobertas cerebrais antes e depois da passagem dos diplomáticos por Cuba. Um grupo de controle que poderá ser avaliado nos próximos estudos é o dos diplomatas americanos que estavam também em trabalho em Cuba na mesma época e que não foram afetados pela estranha e misteriosa síndrome [3].

 

Referências:

[1] https://www.istoedinheiro.com.br/eua-investiga-novos-casos-em-todo-mundo-do-chamado-sindrome-de-havana/

[2]  https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55206490

[3] https://pebmed.com.br/o-misterio-em-torno-da-sindrome-de-havana/

[4] https://www.medscape.com/viewarticle/915821

[5] https://jamanetwork.com/journals/jama/article-abstract/2738552

[6] https://jamanetwork.com/journals/jama/article-abstract/2738552

 


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