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Sobre infarto, vida após a vida e robôs que pensam e reagem

Sobre infarto, vida após a vida e robôs que pensam e reagem
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mar. 9 - 5 min de leitura
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Sobre infarto, vida após a vida e robôs que pensam e reagem

por Daniel Branco

Infartei, dia destes. Oclusão total de coronária direita, seguida de síncope, reperfusão e stent. Refleti sobre a vida e o que cria a nossa percepção de realidade. Apaixonado por tecnologia da informação e por teorias da consciência, posso atestar que esses assuntos estão mais ligados do que se imagina. E, sinto informar, minha crença na possibilidade de vida após a vida não está embasada em nenhum tipo de negação à minha quase morte. Tampouco em nenhuma fé religiosa específica, mas na simples observação do mundo em que vivemos.

Um mundo mais de “propriedades” do que de “coisas”

Um elétron é uma partícula com massa igual a 1/1836 da massa do próton e carga elétrica = -1. Um próton tem carga elétrica = +1. E todos eles são iguais; uma multitude de elementos indiferenciados e com as mesmas propriedades. Mas você pode capturar um próton e saber exatamente onde aquele próton especificamente se encontra. No entanto, basta deixar que ele se perca na multidão, e você nunca mais saberá diferenciá-los. De certa forma, foi a análise de um observador consciente que conferiu identidade e realidade objetiva àquele próton naquele momento. Fora essa observação consciente, a posição e velocidade do próton nada mais são do que possibilidades em uma nuvem probabilística, algo muito diferente do que comumente entendemos como realidade.

Experiência consciente X matéria

Isso sugere que talvez a consciência que deu origem à realidade objetiva do próton seja uma manifestação ainda mais fundamental e, portanto, menos compreendida do universo. É a experiência consciente que dá sentido ao mundo ao nosso redor, e não o contrário. Logo, a experiência consciente antecede e é mais fundamental do que a matéria e do que o corpo que habitamos.

Alô, planeta Terra chamando!

Descendo um pouco mais para a Terra, chegamos ao Medicinia, empresa de comunicação em saúde que fundei em 2012, e ao processamento de informação. Uma das funcionalidades já mapeadas para o nosso aplicativo de comunicação online para médicos e pacientes é um robô de acompanhamento clínico. O robô vai conversar com o paciente, perguntando sobre suas próximas consultas, exames, medicamentos em uso, etc. O objetivo é auxiliar o médico na rotina de acompanhamento dos seus pacientes, dando maior escala e eficiência ao trabalho do médico. O robô não vai fingir ser o médico, mas bem que poderia…

Robôs e computadores já pensam. Next!

Em 1950, Alan Turing propôs um famoso “teste”. Se um interlocutor humano conversar por texto com um computador e for incapaz de diferenciar o computador de um outro ser humano, isso significa que o computador é capaz de pensar. Ora, ser capaz de pensar já faz parte do dia a dia de robôs e computadores. Next: programar um robô para pensar e reagir exatamente como eu pensaria e reagiria.  Seria possível? E a resposta mais provável é um retumbante SIM! A tecnologia pode não estar bem lá ainda, mas é apenas uma questão de tempo.

Vivinho da Silva após a vida e postando nas redes

Digamos que eu desenvolvesse um robô que, ao interagir por texto com meus familiares e amigos, não pudesse mais ser distinguido de mim mesmo, nem mesmo por eles! Não seria esta uma forma de continuar vivo após a vida? É provável que a minha estrutura de realidade em primeira pessoa esteja completamente destruída após a minha morte. O meu eu anterior não estaria mais lá. Mas na realidade objetiva de terceira pessoa que vivemos, o Daniel nunca teria morrido. Ele continuaria postando no Facebook e falando as mesmas bobagens de sempre.

E para um mundo cientificista como o nosso, onde a realidade objetiva é sempre definida em terceira pessoa, talvez não exista forma mais convincente de seguir vivendo do que seguir a vida como um robô ;)

Daniel Branco, neurologista, CEO e fundador do Medicinia, é casado, pai de dois filhos e o mais novo infartado da praça. Aos 41 anos de idade, pôde se aprofundar em algumas de suas teorias sobre vida após a vida, mas avisa que já se deu por satisfeito e pretende encerrar por aqui sua pesquisa participativa :)


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