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Suplementação de Potássio no Desfecho da Fibrilação Atrial Pós-Cirurgia Cardíaca

Suplementação de Potássio no Desfecho da Fibrilação Atrial Pós-Cirurgia Cardíaca
Comunidade Academia Médica
set. 1 - 3 min de leitura
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Um estudo publicado JAMA em 31 de agosto de 2024, chamado TIGHT K, está redefinindo as práticas de suplementação de potássio para prevenção da fibrilação atrial após cirurgias cardíacas, especialmente após a cirurgia de revascularização do miocárdio. Este estudo multicêntrico, realizado no Reino Unido e na Alemanha, desafia a necessidade de manter uma concentração sérica de potássio no limite alto-normal, uma prática comum em muitos centros médicos globais.

Fonte: O’Brien B, Campbell NG, Allen E, et al., 2024

A Fibrilação Atrial Pós-Cirurgia Cardíaca (FA)

A FA é um evento adverso comum pós-operatório, afetando cerca de 30% dos pacientes após cirurgia de revascularização do miocárdio. Tradicionalmente, acredita-se que manter uma concentração sérica de potássio acima de 4,5 mEq/L poderia ajudar a prevenir esta condição. No entanto, o estudo TIGHT K investigou a eficácia de duas abordagens diferentes na suplementação de potássio — uma manutenção mais relaxada (suplementação apenas quando o potássio sérico cai abaixo de 3,6 mEq/L) e uma manutenção mais rigorosa (suplementação abaixo de 4,5 mEq/L).

O estudo revelou que a estratégia de controle relaxado, que suplementa potássio somente quando os níveis séricos caem abaixo de 3,6 mEq/L, não é inferior à estratégia de controle rigoroso para prevenção de FA pós cirurgia cardíaca. Importante destacar, a maioria dos pacientes no grupo de controle relaxado não precisou de suplementação e não se tornou hipocalêmica durante os 5 dias seguintes à cirurgia cardíaca, indicando que a homeostase corporal mantém adequadamente os níveis de potássio sem intervenção agressiva.

A pesquisa também destacou o impacto econômico significativo da suplementação de potássio, com custos per capita quase quatro vezes maiores no grupo de controle rigoroso. Além disso, a suplementação excessiva pode levar a riscos desnecessários, como sobrecarga de fluidos e potenciais complicações gastrointestinais. Reduzir suplementações desnecessárias pode também diminuir o desperdício clínico e o impacto ambiental associado à fabricação e ao fornecimento de potássio.

No gráfico é possível observar a relação entre a frequência de suplementação de potássio e as concentrações médias de potássio sérico:

Fonte: O’Brien B, Campbell NG, Allen E, et al., 2024

Este estudo sugere a necessidade de revisar as práticas atuais de suplementação de potássio após cirurgias cardíacas. A estratégia relaxada de controle de potássio provou ser eficaz, segura e mais econômica, sugerindo que as diretrizes atuais podem ser ajustadas para reduzir intervenções desnecessárias e melhorar a segurança e a experiência dos pacientes.

Os resultados do estudo TIGHT K fornecem uma base evidencial para os médicos reconsiderarem a suplementação rotineira de potássio e refletirem sobre práticas mais custo-efetivas e seguras para os pacientes.


Referência:

O’Brien B, Campbell NG, Allen E, et al. Potassium Supplementation and Prevention of Atrial Fibrillation After Cardiac Surgery: The TIGHT K Randomized Clinical Trial. JAMA. Published online August 31, 2024. doi:10.1001/jama.2024.17888


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