Desde meados do século passado o mundo passa por uma incrível transformação, em especial nas últimas décadas, após o surgimento da internet, com pessoas conectadas em tempo real de qualquer lugar do globo – e até mesmo fora dele, no caso dos astronautas.
Essa mudança de paradigma nos trouxe benefícios, embora também malefícios. Quanto a este último, temos a rapidez dos acontecimentos e uma obrigação permanente de estarmos antenados, conectados. Precisamos produzir e trabalhar incessantemente, ou outro virá e fará em nosso lugar, nos deixando para trás em um piscar de olhos. Nossos feitos positivos podem ser ofuscados se esboçarmos uma mera falha humana.
Mas, realmente temos necessidade em sermos assim? Esse padrão de comportamento moderno é física e mentalmente saudável? E, se pensarmos diferente, o que os outros pensarão sobre nós? Que importância tem o que os outros pensam a nosso respeito? E, para quem assim deseja, como quebrar esse paradigma?
Em não raros casos somos impelidos a darmos o melhor do melhor em nosso trabalho e em nossa vida pessoal. Ok, não é errado sermos produtivos e eficientes, o ser humano tem por natureza o aprimoramento. Mas o problema se encontra quando esse dever de aprimoramento passa a afetar a nossa naturalidade, a nossa essência humana.
Quando a estafa nos pega de jeito, quando nem as férias de um mês conseguem nos desligar do trabalho e da ansiedade, nossas baterias não se recarregam, então algumas pessoas recorrem às drogas que supostamente melhoram o desempenho.
Ao sermos diagnosticados com alguma doença ou síndrome é extremamente recomendável seguirmos a orientação do expert médico. Mas e quando, especialmente, médicos, advogados ou grandes executivos passam a adotar um comprimido como rotina para supostamente melhorar o desempenho em suas atividades diárias, eles estão fazendo o certo?
Não sei por quem, mas foi criada essa ilusão de que o comprimido amigo nos fará mais ágeis e inteligentes. Digo isso para aqueles que utilizam drogas para melhorar o seu desempenho cognitivo, e não por um diagnóstico assentado.
Quando na verdade muitos se surpreenderiam ao saber que estudos realizados, como o da psicóloga Silmara Batistela, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mostram que, neste caso específico, a Ritalina possui praticamente os mesmos efeitos quando comparados ao placebo. A diferença é que o indivíduo acredita ser capaz de ir além simplesmente por estar utilizando aquele algo a mais.
Sou sincero em dizer que ainda não sei a resposta para as indagações sugeridas acima, mas acho interessante pensarmos sobre. Isso, é claro, para quem também acredita ser saudável refletir sobre estes fatos, para os demais, vida que segue.
E você, o que acha disso?!
Leonardo Batistella – Advogado. Especialista em Direito Médico. Mestrando em Bioética pela Facultad Latinoamericana de Ciências Sociales – FLACSO/ARGENTINA