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Tanto amor

Tanto amor
Mariane Corbetta
jun. 5 - 2 min de leitura
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Sábado pela manhã, enquanto tomava meu café e lia meus e-mails recebi esta imagem de uma amiga que recebeu de um amigo.
Ambos são patologistas e ganham a vida vendo, analisando e diagnosticando imagens de doença e morte.
Nesta manhã, de presente, ele encontrou essa imagem. Mandou para ela que encaminhou para outros amigos entre os quais me encontro.
Brinquei com ela perguntando se eram histiócitos fazendo uma declaração de amor ou um câncer dizendo que só o amor te salva.
Ela riu e prontamente respondeu que, com efeito,  trata-se de um carcinoma ductal mamário - o material do centro é necrose - esse é o tal do comedocarcinoma ruim pra kct.
E lá estava a imagem tão bonitinha, de um câncer de mama assumindo a forma do coração em cartão postal do Dia dos Namorados.
A morte assume estranhas formas.
A vida também.
Normalmente escolhemos qual queremos ver.
Não pensamos nisso.
Não gostamos de pensar.
Deveríamos.
Os cientistas dizem que os cânceres são causados,  na sua maioria,  por grandes traumas sofridos.
Na minha prática médica normalmente encontro também essa relação.
A dor extrema sofrida e não metabolizada, causa uma morte dentro de nós.
Essa morte cedo ou tarde, se manifesta em alguma parte do organismo.
A dizer-nos: "decifra-me ou te devoro".
Muitos amores na nossa vida fazem o mesmo.
São os desencadeantes do trauma que origina o tumor.
Que vem duramente nos dizer que devemos aprender a amar a vida.
Tantos andamos morrendo por aí.
Tantos outros matando. Matando-se.
E um patologista ao ver o resultado encontra uma declaração de amor à vida.

Foto: comedocarcinoma - carcinoma ductal de mama. Clóvis Klock


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